Equipe reforça foco do novo governo em questões de mudança climática; pesquisa genética também será contemplada
Em programa semanal de rádio, presidente eleito afirma que os EUA devem retomar a dianteira nas descobertas científicas
O presidente eleito dos EUA Barack Obama reforçou ontem a prioridade que dará no seu governo para a mudança climática, ao nomear John Holdren, especialista em clima e energia, como chefe do Escritório da Casa Branca para Política Científica e Tecnológica.
Físico da Universidade Harvard, Holdren investigou as causas e as conseqüências da mudança climática e os perigos do uso da energia nuclear, sendo um defensor de políticas agressivas de contenção por parte dos governos no setor.
Trabalharão com ele Eric Lander e Harold Varmus, nomeados ontem co-diretores do Conselho de Ciência e Tecnologia, também chefiado por Holdren. Professor do renomado Massachusetts Institute of Technology, Lander é um dos pioneiros na pesquisa do genoma humano; Varmus ganhou um Nobel por seus estudos sobre câncer e genética.
A equipe se completa com a bióloga marinha Jane Lubchenco, que chefiará o órgão responsável por estudos atmosféricos e oceânicos e por boa parte das pesquisas oficiais sobre o aquecimento global.
Obama já havia indicado como secretário da Energia Steven Chu, co-vencedor do Prêmio Nobel de Física de 1997 e um pioneiro na pesquisa de energia renovável "neutra" em emissão de carbono.
No programa semanal de rádio do Partido Democrata, Obama disse que sua prioridade será estimular investigações científicas sobre fontes alternativas de energia e a descoberta de cura para doenças.
"Hoje, mais do que nunca antes, a ciência detém a chave para a nossa sobrevivência como planeta e para nossa segurança e prosperidade como nação", afirmou. "É hora colocar a ciência no topo da nossa agenda e trabalhar para restaurar a posição dos EUA como líder mundial em ciência e tecnologia."
"Da chegada à Lua ao seqüenciamento do genoma humano à invenção da Internet, os EUA sempre foram os primeiros a cruzar a nova fronteira", acrescentou o presidente eleito. "A promoção da ciência não é apenas fornecer recursos -é proteger a investigação livre e aberta. É garantir que os fatos e as evidências nunca sejam manipulados ou obscurecidos pela política ou pela ideologia."
O governo George W. Bush teve um relacionamento conturbado com a comunidade científica, opondo-se a políticas nas áreas de aquecimento global e pesquisa genética.
(Folha de S. Paulo, 21/12/2008)