Instituto está fechando o ano numa área de sombras.
Aumentaram denúncias de corrupção e de irregularidades.
O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) está fechando o ano numa área de sombras. De um lado deve registrar um baixo índice de assentamentos - provavelmente o pior dos seis anos do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. De outro, contabiliza um altíssimo índice de ataques e críticas.
O fogo parte tanto de dentro do governo - o chamado fogo amigo - quanto de forças externas. Um exemplo de fogo amigo é a campanha do ministro Mangabeira Unger, da Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos, para retirar das asas do Incra todos os assuntos fundiárias relativos à região amazônica. O assunto está em pauta desde março, quando se falou na criação do Instituto de Regularização Fundiária da Amazônia; e até hoje o Planalto não o desautorizou completamente. A ministra Dilma Roussef, que analisa o tema, não descarta a possibilidade de enxugar o Incra.
Um exemplo de fogo inimigo é o que parte da influente Frente Parlamentar Ruralista. Seus integrantes desejam a todo custo empurrar o Incra para fora da questão da demarcação de terras de remanescentes de quilombos. O líder da frente, deputado Valdir Colatto (PMDB-SC), já se reuniu mais de uma vez com representantes da Advocacia Geral da União, em busca de uma fórmula que permita afastar o instituto. Ele tenta convencer até o ministro Edson Santos, da Igualdade Racial - que não se nega a ouvi-lo.
Para escurecer mais o céu do Incra, aumentaram as denúncias de corrupção e de irregularidades no seu interior. Na sexta-feira (19), após anunciar o desbaratamento de uma quadrilha de fraudadores de processos de desapropriações de terras, instalada na superintendência do Incra do Mato Grosso do Sul, o procurador da República no estado, Mário Avelar, não conseguiu conter seu desabafo. “Há uma ingovernabilidade caótica na gestão desses assentamentos”, afirmou. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".
(Agência Estado, G1, 21/12/2008)