O fenômeno marinho ocorrido no Litoral Norte desde quarta-feira pode ser resultado de uma maré vermelha. Análise preliminar feita pelo Departamento de Botânica da Ufrgs apontou que a mancha marrom-avermelhada surgida em Capão da Canoa foi causada por aglomeração de algas Noctiluca scintillans. Essas espécies são identificadas pela tonalidade que deixam na água devido aos pigmentos.
A professora do Instituto de Biociências da da Ufrgs, Luciana de Souza Cardoso, recebeu ontem a amostra da água. Em menos de uma hora, a pesquisadora fez uma breve análise do material coletado. 'Espécies de dinofitas marinhas podem formar densas populações, fenômeno denominado de maré vermelha', explicou. Segundo Luciana, o fenômeno resulta de algum efeito no meio ambiente que pode ser um choque térmico das águas ou até mesmo degradação ambiental. Na quarta-feira, a temperatura da água do mar em Capão da Canoa era de 16 graus.
A pesquisadora assinalou que a maré vermelha pode ser tóxica ou não. Porém, afirmou não ter conhecimento de florações de Noctiluca tóxicas. 'O ideal é de que a amostra fosse submetida à análise de toxicidade', apontou. Ela destacou que a amostra apresenta quantidade considerável de zooplâncton (grupo predador das algas microscópicas) bem ativos, ou seja, não exibe comportamento nocivo por alguma toxina.
Amostras da mancha que intrigou banhistas e autoridades ambientais foi colhida ontem por biólogos e químicos do Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos (Ceclimar). À bordo de um barco da Petrobras, técnicos coletaram a água a 800m da faixa de areia de Tramandaí, próximo à divisa com Imbé.
A mancha avistada na praia de Capão da Canoa está se deslocando no sentido Norte-Sul. A estimativa é de que ela tenha 2 km de largura e 20 km de extensão. 'A tendência é de que ela seja jogada para a orla nos próximos dias. Mesmo assim, não há risco para a saúde nem para o banho de mar', explicou o coordenador do Balcão de Licenciamento Ambiental Unificado da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema), Mattos’Além Roxo.
A alga Noctiluca scintillans
-A alga Noctiluca scintillans é conhecida pela propriedade de bioluminescência (Noctiluca, que resultou no seu nome - luz da noite). É um tipo de luz 'fria' liberada ou produzida por células fotorreceptoras, resultado de uma reação química
-Em janeiro de 2005, esta mesma espécie exibiu florações no Litoral Norte, mas sem esta mancha tradicional de maré vermelha, emitindo luz somente durante a noite.
(CP, 19/12/2008)