Milhares de peixes boiaram, mortos, no rio Madeira, a seis quilômetros da capital de Rondônia, após o início da construção da barragem da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio, a primeira projetada para este Estado da Amazônia Ocidental Brasileira. É o primeiro acidente ecológico na fase inicial das obras do chamado Complexo Madeira. Quando concluídas, Santo Antônio e Jirau (sob embargo judicial, após ser transferida a área de sua construção) deverão produzir, juntas, seis mil megawatts de energia elétrica.
Estima-se em cerca de duas toneladas o total de peixes mortos. Nesta segunda-feira, uma equipe da TV Rondônia mostrou a área onde se se acumulam peixes de diversas espécies, entre os quais surubins, jaraquis, pirapitingas e pescadas. Elas morreram por falta de oxigenação da água, informam os biólogos.
Funcionários da Madeira Energia S/A (Mesa) improvisaram máscaras para entrar na área repleta de peixes. A fedentina e os urubus são obstáculos. Em nota, a Mesa informou que desde o início do mês de outubro vem atuando no lançamento de ensecadeiras entre a margem direita do rio Madeira e a Ilha do Presídio. “Nesse processo, são formados pequenos lagos, nos quais ficam confinados peixes que são continuamente retirados e devolvidos ao leito do rio”, assinala a empresa.
Ainda de acordo com a nota, esse trabalho de resgate foi autorizado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
É executado por uma equipe técnica da Universidade Federal de Rondônia contratada pela Mesa. “Ao longo destes últimos 70 dias, o procedimento de resgate tem sido realizado com sucesso, contabilizando-se cerca de 120 mil peixes resgatados", assinala a nota. "A ação de resgate de peixes está, neste momento, em sua fase final, quando, em geral, se concentram as espécies de pequeno porte”, acrescenta.
Apesar dos cuidados tomados pela empresa, sexta-feira passada ocorreu mortandade de peixes de pequeno porte. Uma equipe formada por 57 pessoas – biólogos, pescadores, operadores de máquinas e motoristas – acelera o trabalho de salvamento e devolução de peixes ao rio.
Eles estão usando bombas de esgotamento de água, bombas para recirculação, compressor de ar para aeração da água e barcos. Orientada pelo Ibama, a Mesa colocou em câmaras frias parte dos peixes sem condições de aguardar o resgate. Os biólogos verificarão as condições sanitárias desses peixes para doá-los a entidades filantrópicas cadastradas.
(Amazônia.org.br, Portal do Meio Ambiente, 17/12/2008)