Capacidade de terminal de regaseificação poderá ser até triplicada para atender novos mercados
Está na forma de negociar o fornecimento de gás natural liquefeito (GNL) um dos principais trunfos do projeto anunciado ontem de construção de um terminal de regaseificação e de uma usina térmica em Rio Grande. Marco Tavares, sócio-diretor da Gás Energy New Ventures, apresentou os detalhes do investimento de US$ 1,25 bilhão com início de operação prevista entre 2012 e 2013.
Em cerimônia no Palácio Piratini, na Capital, representantes do chamado “grupo desenvolvedor” assinaram os contratos para início dos serviços de engenharia e licenciamento ambiental, além do protocolo de intenções com o governo do Estado.
– Temos um cronograma apertado, o que vai nos exigir muito trabalho – avisou Tavares.
De acordo com os prazos previstos, em abril de 2009 deve ser firmado o contrato de suprimento de GNL, negociado com cinco fornecedores, para que entre junho e julho o projeto esteja apto a disputar os leilões de energia. Será durante os preparativos das licitações que devem ser conhecidos os investidores estrangeiros que se integrarão ao projeto.
– Até lá, não podemos abrir nomes – desculpou-se Tavares.
Contratos de geração conquistados nessas licitações vão garantir o investimento, explicou. E para assegurar que serão viáveis, estão em negociação contratos de 15 anos de fornecimento de GNL, concentrados no período seco no Brasil – abril a setembro –, que coincide com os meses mais quentes no Hemisfério Norte. Assim, acreditam os desenvolvedores, será possível obter custos mais baixos.
– Temos certeza de que o projeto tem competitividade – enfatizou o sócio-diretor da Gás Energy.
Durante seu discurso, a governadora Yeda Crusius fez críticas veladas à Petrobras, que estudava a implantação de um terceiro terminal de regaseificação no país entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
– Só não entendo por que não fazer, por que adiar. Um dia depois do outro, hoje é dia de dizer que queremos fazer. Vamos responder a quem nos diga para não fazer – afirmou a governadora.
Tavares, porém, preferiu afirmar que os projetos não são concorrentes, mas complementares:
– A Petrobras estuda o terceiro terminal para atender uma demanda de energia já vendida, o nosso projeto está vocacionado para energia nova.
Projeto elimina dependência gaúcha de único fornecedor. Segundo Tavares, a capacidade do terminal de regaseificação poderá ser rapidamente duplicada ou triplicada, no futuro, caso se desenvolvam projetos complementares, como uma ligação por gasoduto com Porto Alegre, de 300 quilômetros, ou até com Uruguaiana, de 615 quilômetros, o que abriria a possibilidade de suprir a Argentina, já que a partir da Fronteira há uma rede de dutos que chega a Buenos Aires. A principal vantagem do investimento, enfatizou o diretor da Gás Energy, é eliminar a dependência de um só país fornecedor:
– Vamos fazer contrato de fornecimento com uma empresa internacional com produção em mais de um país. Se um tiver problemas, como ocorreu com a Bolívia, pode ter acesso a outro.
Hoje, o projeto do terminal e da térmica será apresentado em Rio Grande, na Câmara de Comércio, evento que terá a presença da representante local da Gás Energy, Elizabeth Tellechea, até meados deste ano diretora superintendente da Refinaria Ipiranga.
(ZH, 18/12/2008)