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2008-12-18
A Frente em Defesa da Amazônia (FDA), um grupo que reúne 23 instituições sociais no oeste do Pará, publicou ontem (15) uma nota em protesto à exoneração sumária, ocorrida no dia 25 de Novembro, do então gerente do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) em Santarém, Daniel Cohenca.  Na nota, a FDA defende que foram decisões políticas as principais razões que levaram à demissão do agente.

Cohenca, que estava na gerência de Santarém desde 17 de maio de 2007 foi exonerado sob a acusação de corrupção e desperdício de recursos públicos, denúncia amplamente criticada no manifesto da FDA.  O documento credita à demissão ao empenho na fiscalização da gerência, que estava interferindo em interesses de agricultores e políticos da região.

O manifestação coloca em cheque as pressões sofridas pelos agentes do Ibama na região, exemplificando com os casos dos dois últimos gerentes, anteriores à Cohenca: uma afastado e outro que pediu demissão.

Com a saída do gerente, quem ocupa o cargo agora em Santarém e a agente Poliana Mary Magalhães.

Veja abaixo o manifesto na íntegra.

"No último dia 27 de novembro, aconteceu em Santarém um desses exemplos, de como se atende aos interesses de grupos econômicos em detrimento dos interesses do povo.  A demissão sumária do então gerente do IBAMA em Santarém, Daniel Cohenca, contrariou os movimentos populares da região comprometidos com a defesa do meio ambiente e das culturas do povo da Amazônia.  Não que o senhor Daniel estivesse resolvendo todas as demandas existentes, mas porque durante o período que ocupou o cargo de gerente procurou atuar dentro de preceitos éticos e legais que o cargo exige.  Enquanto ocupou a gerência permitiu aos movimentos sociais a oportunidade de realização de trabalhos em conjunto e o acesso a Instituição.  Sempre mantendo abertura com organizações da sociedade.

Certamente esta postura tenha sido a principal motivadora das várias tentativas de tirá-lo do cargo.  Seu empenho em realizar algumas fiscalizações, demandadas por denúncias de populações tradicionais, levou a grandes apreensões de madeiras que estavam sendo roubadas de nossas florestas.  É notória a intervenção de políticos intermediando junto ao IBAMA, para que não houvesse fiscalizações em determinadas madeireiras, pois isto atrapalhava certas campanhas eleitorais.  Durante o período eleitoral de 2008, o governo do Estado chegou até mesmo a suspender o apoio da polícia militar nas fiscalizações.  Tudo para impedir fiscalizações.  Recentemente, também, foi descoberto que a prefeitura de Belterra autorizou licenças de desmatamento irregulares.

Demitir alguém que tentava realizar uma administração séria, não parecia uma tarefa fácil para aqueles que se sentiam incomodados pelas ações da gerência em Santarém.  Assim, foram buscar uma desculpa que pudesse desmoralizar o então gerente.  Acusaram o senhor Cohenca daquilo que ele mais lutou dentro da instituição, que eram as práticas de corrupção e desperdícios públicos.  Sem nenhuma prova que o responsabilizasse, sua exoneração foi instantânea.  Ora, se havia uma suspeita de irregularidade na gerência, o certo seria afastá-lo do cargo e proceder à investigação.  Não foi o que ocorreu, mas sim a exoneração sumária.  Na verdade, os lobistas do agronegócio irregular, que atuam no governo, poderiam não ter outra chance para trocar aquele gerente que os incomodava ou que não lhes obedecia.

Esta prática de pressão àqueles gerentes que colocam a Instituição pública a serviço da sociedade já é comum por aqui.  Isto aconteceu com o senhor Paulo Mayer, que foi transferido, Nilson Vieira, que pediu afastamento e agora a demissão de Daniel Cohenca, todos essas pessoas que tentaram levar a sério a missão da Instituição.  Se isto tudo não bastasse, há a investida de chefões do IBAMA de reduzir as gerências em todo o Brasil em simples escritórios.  Um sinal claro de evitar qualquer possibilidade de ameaça ao saque arquitetado pelos planos do governo.  O exemplo mais próximo desta investida é o agora escritório de Altamira.

Esta nota não tem o único objetivo de denunciar a exoneração esdrúxula do senhor Daniel Cohenca mas, sim, de denunciar as práticas sórdidas de pessoas que ocupam cargos públicos e utilizam os mesmos para atuar e defender interesses de grupos econômicos que, historicamente, vêm destruindo a Amazônia e tornando sua população refém e miserável."

Santarém, 12 de dezembro de 2008.

Frente em Defesa da Amazônia.
(Amazonia.org.br, 18/12/2008)

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