Nos últimos três anos, 150 hectares de mata atlântica foram desmatados na Grande Vitória, sendo 68 somente em Guarapari. Índice maior do que os 86 hectares registrados entre 2000 e 2005, pelo Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica. Junto com São Paulo e Rio de Janeiro, são 793 hectares destruídos, o equivalente a 990 campos iguais ao Maracanã.
Foram computadas nos números áreas de desmatamento a partir de três hectares, sem identificar alterações em áreas de mangue e restinga, apenas em florestas nativas.
Realizada pela Fundação SOS Mata Atlântica e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), a pesquisa mostra que houve aumento expressivo na degradação do bioma nos três estados, contrariando a queda na taxa do período anterior.
“A supressão de florestas nativas em áreas potencialmente importantes é preocupante e um fator de risco para a sadia qualidade de vida das pessoas que vivem nas regiões metropolitanas. Essa pressão que a metrópole exerce precisa ser melhor controlada com políticas locais e mobilização da sociedade”, pontuou Marcia Hirota, diretora de Gestão do Conhecimento da SOS Mata Atlântica.
Dos três estados, a região metropolitana de São Paulo foi a campeã de desmatamento, já que nos últimos três anos 437 hectares foram suprimidos, nove vezes mais que no período de 2000 a 2005, quando o número foi de 48 hectares.
Já no Rio de Janeiro, o desmatamento dobrou. O número absoluto de supressão de floresta nativa na região é de 205 hectares nos últimos três anos, contra os 94 relatados no período anterior.
Os dados completos do Atlas serão divulgados em maio de 2009. O intuito é disponibilizar mapas de mais de 3,4 mil municípios abrangidos pela mata atlântica, para que os novos prefeitos ou prefeitos reeleitos, vereadores, bem como toda a sociedade, possam se apropriar desses dados e contribuir para a proteção do bioma.
A SOS Mata Atlântica e o INPE passarão a anunciar o monitoramento a cada dois anos, e a cada quatro será feito um balanço correspondente à gestão municipal ou estadual em questão. Já foram realizados o "Atlas dos remanescentes florestais e ecossistemas associados do Bioma Mata Atlântica nos períodos 1985-1990, 1990-1995, 1995-2000, 2000-2005".
A mata atlântica abriga parcela significativa da diversidade biológica do Brasil. É também um dos biomas mais ameaçados do mundo, devido às constantes agressões ou ameaças de destruição dos habitats nas suas variadas tipologias e ecossistemas associados.
Distribuída ao longo da costa atlântica do País, atingindo áreas da Argentina e do Paraguai na região Sudeste, o bioma abrangia originalmente 1.300.000 km² no território brasileiro. Seus limites originais contemplavam áreas em 17 estados, o que correspondia a aproximadamente 15% do território do Brasil, segundo Decreto Federal 750/93 e Lei específica, a 11.428/06, que dispõe sobre a utilização e a proteção da vegetação nativa da mata atlântica.
Nessa extensa área, vivem atualmente 67% da população brasileira, mais de 122 milhões de habitantes, em 3,4 mil municípios abrangidos, que correspondem a 61% dos existentes no Brasil.
No Espírito Santo restam apenas cerca de 7% da mata atlântica, e a devastação continua intensa. Lideraram as agressões os desmates, fornos e queimadas, extrações de mármore e granito, lixões, barragens e extrações de areia.
(Por Manaira Medeiros,
Século Diário, 18/12/2008)