A apresentação de planos nacionais de combate às mudanças climáticas deixou o Brasil e outros países em desenvolvimento, como México, Índia e África do Sul, em uma posição mais confortável para cobrar de outros países, especialmente os desenvolvidos, maior engajamento no combate a essas mudanças.
A opinião é do diretor do Departamento de Meio Ambiente e Temas Especiais do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Luiz Alberto Figueiredo, e do embaixador extraordinário para mudanças climáticas, Sérgio Serra, que participaram da Reunião das Partes sobre o Clima (COP-14) em Poznan, na Polônia.
“Nós cobramos de qualquer forma, porque quem tem obrigação são eles, pelo texto da Convenção do Clima. O que estamos mostrando é que ainda que não tenhamos obrigação, debaixo da convenção, de um compromisso mais claro, ainda assim estamos dispostos e engajados a fazer mais do que já temos feito e essa é a sinalização importante que cobra do outro lado uma resposta”, disse Figueiredo. Ele lembrou que evitar os efeitos das mudanças climáticas é um esforço global, em que cada um tem que fazer a sua parte.
O embaixador acrescentou que o fato de o Brasil ter um plano nacional é uma sinalização muito clara de engajamento e compromisso com um resultado robusto no fim de 2009. Isso mostra, segundo ele, que o governo e a sociedade estão engajados no combate às mudanças do clima e em contribuir para um esforço global nesse sentido.
Os dois embaixadores lembraram que esse engajamento foi ressaltado em Poznan pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Ban Ki-moon disse, durante a COP-14, que o Brasil está construindo a economia mais verde do mundo. O ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore destacou o fato de o Brasil, o México, a África do Sul e a Índia estarem apresentando seus planos nacionais.
“Isso foi uma característica de Poznan, em que os países em desenvolvimento mostraram um engajamento muito claro e os países desenvolvidos, um engajamento menos claro do que se esperava”, observou Luiz Figueiredo.
De acordo com os embaixadores, uma das mensagens do encontro na Polônia é de que a crise econômica global não poderia afetar negativamente o combate à crise climática. “Ao contrário, seria uma oportunidade para ajudar no combate à crise climática, porque está havendo uma série de desembolsos pelos governos e ao menos parte desses desembolsos poderia ser canalizada ou condicionada a uma ação dessas empresas, que estão sendo ajudadas para que adotem um certo tipo de tecnologia mais limpa”, explicou Figueiredo.
Sérgio Serra ressaltou que a crise econômica tem horizontes de curto e médio prazo para serem resolvidos, enquanto as mudança climáticas devem ser encaradas como um problema com efeitos de longo prazo. Para ele, esse é um momento de impulsionar alterações tecnológicas que colaborem com o combate à crise climática.
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Agência Brasil, 18/12/2008)