Agência FAPESP – Malária, diarréia, gripe e verminoses representam 95% das doenças que atingem as famílias que vivem nas unidades de conservação estaduais assistidas pelo Programa Bolsa Floresta (PBF), iniciativa da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Estado do Amazonas.
“Aplicamos um questionário às 4,2 mil famílias que participam atualmente do programa e chegamos a essas doenças, diagnosticadas em uma região muito singular do Brasil que chamamos de Amazônia profunda”, disse Virgilio Viana, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiróz da Universidade de São Paulo (USP), à Agência Fapesp.
“Trata-se de um dos lugares mais isolados do país e do mundo, onde os serviços de saúde custam muito para chegar devido à baixa densidade eleitoral da região. Esse é o retrato de um Brasil muito distinto de outros”, explicou o também ex-secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas.
Viana é o autor de um artigo sobre o conceito e a estratégia de implementação do PBF, com ênfase para as ações de saúde, publicado na nova edição da revista Estudos Avançados. A publicação do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da Universidade de São Paulo (USP), lançada na terça-feira (16/12), na capital paulista, traz como tema principal “Epidemias”.
Concebido originalmente para oferecer compensação financeira para os serviços prestados pelas populações tradicionais e indígenas da região amazônica – com foco na conservação ambiental voltada para a manutenção da floresta em pé – o programa tem no atendimento à saúde um dos componentes essenciais de suas linhas de atuação na região.
O PBF atua em 12 unidades de conservação, mas o planejamento do programa prevê sua chegada a todas as 26 unidades de uso sustentável do Amazonas até 2010, totalizando uma área de 13,4 milhões de hectares.
Um dos componentes do Programa Bolsa Floresta é a Bolsa Floresta Social (BFS), que determina a destinação de um valor fixo anual por comunidade voltado à melhoria da educação, saúde, comunicação e transporte dos “guardiões da floresta”.
Os projetos de apoio à saúde do programa são realizados por meio de parcerias com o governo do Amazonas, com prefeituras municipais, instituições de pesquisa regionais, a Fundação Amazonas Sustentável, a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas e com a Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).
“Esses projetos decorrem de uma abordagem holística de desenvolvimento sustentável, na qual as ações de saúde pública assumem um papel estratégico. Sem uma melhoria na saúde, as ações de geração de renda, conservação ambiental e educação têm os seus efeitos limitados”, disse Viana, que também é diretor-geral da Fundação Amazonas Sustentável.
Entre as principais ações do programa na área de saúde estão a capacitação de agentes comunitários e oficinas de planejamento participativo com a presença de médicos, enfermeiros e pesquisadores da região, além da implementação, monitoramento e avaliação dos planos de ações prioritárias de saúde para cada unidade de conservação.
A revista Estudos Avançados, que acaba de ser lançada, pode ser lida gratuitamente na internet. O dossiê “Epidemias” aborda dengue, Aids e várias doenças tropicais como a malária, doença do sono, esquistossomose, leishmaniose e doença de Chagas.
Para ler o artigo Bolsa Floresta: um instrumento inovador para a promoção da saúde em comunidades tradicionais na Amazônia, de Virgilio Viana, disponível na biblioteca on-line SciELO (Bireme/FAPESP), clique aqui.
Para ler a nova edição de Estudos Avançados, clique
aqui.
(Por Thiago Romero,
Agência Fapesp, 18/12/2008)