Consumidor tem que ficar atento à carne bovina.
Na hora de construir, madeira certificada deve ser prioridade.
De uma forma ou de outra, o consumo cotidiano dos cidadãos das grandes cidades causa impacto na Amazônia. Consultado pelo Globo Amazônia, o diretor-presidente do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente, Hélio Mattar, dá dicas de como tentar evitar que uma ida ao supermercado contribua para devastar a maior floresta tropical do mundo.
Segundo o especialista, o primeiro produto a que o consumidor deve dar atenção é a carne bovina, já que o gado pode ter sido criado em área desmatada da Amazônia. “Infelizmente não há ainda como identificar diretamente a origem da carne”, comenta, apontando que está em elaboração um selo que identificará produtos que não causaram desmatamento. “O consumidor deve perguntar no local da compra de onde vem o produto. Muito provavelmente vai ouvir ‘não sei’. Mas se muitos começarem a perguntar, isso deve mudar”, observa.
“O segundo produto a que devemos dar atenção é a soja”, aponta o presidente do Akatu. A produção da commodity – que está presente numa grande variedade de alimentos, a começar pelo óleo de cozinha – pressiona a floresta. A cada ano, novas áreas de floresta são desmatadas para dar lugar aos campos de plantio. Segundo Mattar, o consumidor também deve prestar atenção à origem da carne de aves, já que elas são alimentadas com soja.
Na hora de construir ou reformar, o especialista recomenda procurar madeira com o selo do FSC (sigla em inglês para Conselho de Manejo Florestal), que certifica que o material tem origem em áreas de manejo, ou seja, que foram extraídas de forma legal e controlada. No manejo florestal, as árvores são cortadas seletivamente e numa quantidade que permite a recuperação natural da mata. “É um engano pensar que não podemos usar a madeira amazônica”, diz Mattar. “É até interessante fazer o manejo, pois ele dá lugar a novas árvores que absorvem mais carbono (elemento que, na atmosfera, contribui para o aquecimento global) durante seu crescimento”.
(Por Dennis Barbosa, Globo Amazônia, G1, 16/12/2008)