Em sessão especial nesta terça-feira (16/12), o Senado comemorou os 40 anos da Eletrosul Centrais Elétricas S.A, a serem completados no próximo dia 23. A senadora Ideli Salvatti (PT-SC), autora do requerimento que propôs a homenagem, explicou que seu objetivo foi resgatar o papel histórico da empresa, bem como a luta pela transformação da companhia em uma referência nacional e internacional.
A senadora disse acreditar que a data também serve para fazer uma retrospectiva do papel do estado na questão estratégica do desenvolvimento econômico e para avaliar a importância da companhia no desenvolvimento do Sul do Brasil.
Ideli lembrou que, nos anos 1960 o Brasil vivia sérios problemas de abastecimento de energia elétrica, mesmo nas capitais. Na região Sul, a estrutura elétrica não permitia a instalação de processos industriais. Com a criação da Eletrobrás, os estados do Sul puderam dar um salto de desenvolvimento.
Quando, em 1968, surgiu a Eletrosul foi "completado o sistema de grandes empresas da Eletrobras", garantindo a geração, o abastecimento e as linhas de transmissão do País como um todo, recordou Ideli.
Nos anos 1990, porém, o governo passou a ter uma visão de Estado diferente, e a Eletrosul, nas palavras da senadora, se tornou um exemplo concreto do "desmonte" promovido pelo governo com a desestatização de empresas - a Eletrosul foi incluída no Plano Nacional de Desestatização, em 1996.
- O Brasil, infelizmente, foi dominado pelo avanço mundial das teses neoliberais do Estado mínimo. Mas agora, com a crise internacional, nós estamos vendo o quanto o Estado é fundamental - disse.
A privatização de diversas empresas do setor elétrico redundou, disse a senadora, no apagão elétrico de 2001.
- Não poderia ocorrer outra coisa. Acabou-se com o planejamento e com a estrutura das empresas. Portanto, o apagão foi uma decorrência não apenas da diminuição das chuvas, mas de tudo isso que aconteceu - analisou.
Segundo lembrou Ideli, a recuperação do setor elétrico começou em 2003, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mudou as diretrizes do setor elétrico brasileiro. A senadora afirmou que a energia passou a ser vista como estratégica para o desenvolvimento do país. Iniciou-se um processo de investimento e, em 2004, a Eletrosul foi retirada do Plano Nacional de Desestatização. Segundo Ideli, a companhia "entrou em 2008 consolidada e fortalecida", com patrimônio líquido, que em 2002 era de R$1,5 bilhões, chegando a cerca de R$ 3 bilhões.
Também em discurso na sessão especial, o senador Neuto de Conto (PMDB-SC) lembrou a importância da energia na história da humanidade e destacou a relevância da bionergia no contexto atual. O parlamentar informou que a Eletrosul vem realizando pesquisas não só sobre o biodiesel, mas também sobre energia eólica e outras formas de energia alternativa. Se, afirmou o senador, a energia é "o único caminho da prosperidade", que esse caminho seja pela bioenergia.
O presidente da Eletrosul, Eurides Luiz Mescolotto, durante a homenagem, agradeceu aos políticos que apoiaram a empresa, especialmente ao presidente Lula, à ex-ministra de Minas e Energia e atual ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e à senadora Ideli Salvatti.
Participaram também da homenagem a senadora Serys Slhessarenko (PT-MT), o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmerman, representando o ministro Edison Lobão, e o presidente da Eletrobrás, José Antonio Moniz Lopes.
Eletrosul
Subsidiária das Centrais Elétricas do Brasil S.A. (Eletrobras), vinculada ao Ministério de Minas e Energia, a Eletrosul é uma sociedade de economia mista de capital fechado, concessionária de serviços públicos de transmissão e geração de energia elétrica. Com sede em Florianópolis (SC) e atuação preponderante nos estados do Sul e em Mato Grosso do Sul, a empresa conta com um quadro funcional de 1.571 profissionais.
A Eletrosul realiza estudos e projetos, constrói e opera instalações de transmissão e de geração de energia elétrica, investe em pesquisa e desenvolvimento, fomenta o uso de fontes alternativas de energia, presta serviços de telecomunicação e pratica outros atos de comércio decorrentes dessas atividades.
No segmento transmissão, integra e interliga as fontes de energia elétrica aos mercados consumidores, e viabiliza, com os demais países do Mercosul, a importação e exportação de energia elétrica. No segmento geração, dá continuidade às atividades para implantação de empreendimentos hidrelétricos e de fontes alternativas, que consolidarão seu retorno a esse mercado, segundo informações da empresa.
(Por Silvia Gomide, Agência Senado, 16/12/2008)