Numa pesquisa que aborda duas das maiores obsessões americanas – café e carros –, cientistas da Universidade de Nevada, em Reno, produziram diesel com pó de café usado.
A técnica não é difícil, como contam eles na publicação "The Journal of Agricultural and Food Chemistry", e existe tanto café por aí que milhões de litros de biodiesel poderiam potencialmente ser feitos todos os anos.
Mano Misra, professor de engenharia que conduziu a pesquisa com Narasimharao Kondamudi e Susanta K. Mohapatra, afirmou ter descoberto acidentalmente que os grãos de café continham uma quantidade significativa de óleo.
“Fiz um café uma noite e esqueci de tomá-lo”, conta o professor. “Na manhã seguinte, vi uma camada de óleo flutuando na xícara.” Ele e sua equipe pensaram que pudesse haver uma quantidade proveitosa de óleo no pó usado, então foram a várias lojas da Starbucks e coletaram cerca de 23 quilos de pó de café usado.
Análises mostraram que mesmo o pó tinha de 10 a 15% de óleo por peso. Os pesquisadores então usaram técnicas padronizadas de química para extrair o óleo e convertê-lo em biodiesel. Os procedimentos não são particularmente de energia intensiva, diz Misra, e os pesquisadores estimaram que o biodiesel poderia ser fabricado a cerca de um dólar o galão.
Segundo Misra, uma das dificuldades é coletar eficientemente o pó – existem poucas fontes centralizadas da matéria-prima. Mas os pesquisadores planejam montar uma pequena operação piloto no próximo ano, usando as sobras de um torrador de café local.
Mesmo se todo o pó de café do mundo fosse utilizado na fabricação de combustível, a quantidade produzida seria inferior a 1% do diesel usado anualmente nos Estados Unidos. “Isso não resolverá o problema energético mundial”, disse Misra sobre o trabalho. “Mas nosso objetivo é pegar resíduos e convertê-los em combustível.” E o biodiesel feito de pó de café tem outra vantagem, segundo ele: a descarga cheira a café.
(G1, AmbienteBrasil, 17/12/2008)