Animal estava desde domingo à tarde em um terreno baldio, sem conseguir levantar
Sem forças para levantar, a égua Branca sofreu durante quase 48 horas em Santa Maria, em um terreno baldio, na Vila Urlândia. Nesta terça-feira, por volta das 11h, o animal morreu.
Morador de uma casa que ficam em frente ao terreno onde a égua agonizou, o aposentado Claudimir Machado, 73 anos, foi um dos vizinhos que prestou ajuda à catadora Maria de Fátima Ferreira, 46, dona do animal.
— A gente deixava de sair de casa com pena de ver o animal aqui na frente, sofrendo desse jeito. Fizemos tudo que nos foi possível, mas é triste demais — disse ele.
A istória de Branca sob a guarda de Maria começou há 15 dias, quando a catadora comprou o animal por R$ 800. O marido de Maria, aposentado, chegou a fazer um empréstimo bancário para pagar o bicho. Mas, segundo Maria, Branca já chegou debilitada. Estava magra, e a catadora achou que um reforço na alimentação resolveria os problemas da égua. Mas, no domingo à tarde, enquanto pastava embaixo de uma árvore no terreno baldio, Branca sucumbiu.
— Eu não sabia que ela era doente. Agora vamos ter de batalhar de novo para conseguir outro animal — lamentava Maria, enquanto abria a boca da égua para dar a ração, minutos antes do animal morrer.
Diante da agonia da égua, um veterinário chegou a ir até o local prestar auxílio. Aplicou medicamentos no animal e deixou outros, sob orientação de como deveria ser feita a aplicação. Os vizinhos se revezaram nos cuidados.
Falta de ajuda
O metalúrgico Odilo Tonetto, que mora ao lado do local onde a égua estava, ligou para todos os órgãos que tinha conhecimento em busca de auxílio: prefeitura, Patrulha Ambiental, Vigilância Sanitária, Corpo de Bombeiros. As respostas recebidas o deixaram frustrados.
— Os Bombeiros não podiam vir porque o animal não tinha sofrido um acidente. A Vigilância disse que a responsabilidade era do dono. A prefeitura só vinha depois de morto. Parece que eles não têm coração — reclamou.
Coordenador de Saúde da Vigilância Sanitária, Jefferson Müller disse que o recolhimento não é feito pela vigilância porque a responsabilidade do animal vivo é do proprietário.
A vigilância também não tem um espaço onde pudesse ser colocado o animal, nem um clínica para tratamento. Sem atendimento apropriado, restou à égua esperar a morte.
Só assim, a Secretária de Obras da prefeitura faria o recolhimento do corpo. A retirada foi feita durante a tarde, após um pedido oficial da proprietária da égua e dos vizinhos do terreno baldio.
(Por Iara Lemos, ZH, 17/12/2008)