Pesquisas do Greenpeace publicadas no relatório Ciclo do Perigo: Impactos da produção de combustível nuclear no Brasil, em outubro, indicam que a água consumida pelas famílias que vivem na área de influência direta da mina de urânio operada pela Indústrias Nucleares do Brasil (INB), em Caetité (BA), apresenta radioativo até sete vezes acima do nível tolerado pela Organização Mundial de Saúde.
Segundo Rebeca Lerer, coordenadora da campanha de energia nuclear do Greenpeace, a manifestação de hoje “foi um lembrete” às autoridades sobre a situação em Caetité.
De acordo com a coordenadora, o Greenpeace quer que as medidas propostas pelo Ministério Público Federal (MPF), em reunião no dia sete de novembro, sejam cumpridas.
Rebeca Lerer revelou que a INB quer duplicar sua produção em Caetité, mas o MPF recomendou ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) que isso só ocorra quando as condições para o licenciamento, que estão em aberto, como a do controle da saúde das famílias da região, sejam resolvidas.
A expectativa, segundo Lerer, é saber se o Ibama vai acatar a solicitação do Ministério Público Federal. “Vamos ver se o protesto de hoje ajuda o ministro a cumprir sua responsabilidade”, afirmou.
No Ministério do Meio Ambiente o ativista fantasiado de 'garçom-caveira' e outros três manifestantes foram recebidos pelo assessor de imprensa Ronie Lima. O assessor disse desconhecer do que se tratava a manifestação, mas que iria encaminhar a água recebida ao ministro.
Mais tarde, em nota, o Ministério do Meio Ambiente argumentou que o empreendimento está localizado em uma área naturalmente rica em urânio e que os níveis do elemento na água potável na área de influência da INB estão “em princípio, dentro da normalidade”.
De acordo com o MMA, “a instalação possui extenso programa de monitoramento ambiental e nuclear que é auditado periodicamente pela Agência Internacional de Energia Atômica. Mesmo assim, o Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis] exigirá contraprovas para apurar se a denúncia do Greenpeace procede ou não”.
No Ministério da Ciência e Tecnologia, após espera de mais de 30 minutos, os manifestantes alegam que não foram recebidos por nenhum funcionário e que apenas deixaram apenas uma carta de compromisso protocolada na recepção.
A assessoria do órgão, entretanto, afirma que os manifestantes foram recebidos pela chefe de assessoria da comunição, Lúcia Muniz, a quem foi entregue a carta.
Em nota, a INB alega que o Instituto de Gestão de Águas (Inga) do governo da Bahia também analisou os níveis de concentração de urânio nos poços onde o Greepeace fez a coleta de água e não encontrou anormalidades. A INB também afirma que o Greenpeace colheu amostras para análise científica no exterior, sem seguir os procedimentos legais brasileiros, e não divulgou nem os laudos nem o nome do laboratório inglês onde foram feitas as análises.
(Agência Brasil, 16/12/20008)