A Flexibrás Tubos Flexíveis Ltda. está autorizada a operar seu projeto de expansão para laminação a frio de metais, em Vila Velha. O licenciamento foi concedido pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), ignorando que, para isso, a empresa tivesse que aterrar 23 mil m² da baía de Vitória, destruição equivalente a dois campos de futebol.
O processo é o de número LO Nº 293/2008 (renovação), e foi publicado no Diário Oficial do Espírito Santo. A área ambientalmente degradada será utilizada como retroárea pela empresa, que pertence ao grupo francês Technip e opera no complexo portuário de Vitória desde 1986.
A licença de ampliação foi dada no ano passado pelo governador Paulo Hartung, atendendo à demanda da empresa, que produz bobinas e tubos para a Petrobras.
As obras terminaram há dois meses. Com o projeto, não restará nada da baía de Vitória, que já agoniza lenta e gradualmente. Além de descaracterizá-la, o aterro gera impactos ambientais e comprometimento à navegação.
Há, ainda, poluição visual, de lixo boiando. Os peixes estão cada vez mais escassos, e já foi constatada a presença de metais pesados no lodo. Os agrotóxicos usados na região de montanha também contaminam as águas da baía.
Há 40 anos, botos (golfinhos) nadavam até o interior da baía, atingindo as proximidades da foz do rio Santa Maria da Vitória, no manguezal do Lameirão. Havia fartura de sardinhas, tainhas e quiras, entre muitos outros peixes. Siris eramcapturados com facilidade. Em frente à atual sede da Polícia Federal havia camarão e caranguejo. As águas ainda eram transparentes.
A baía de Vitória perdeu outras áreas, há poucos anos, já no governo Paulo Hartung. A Prysmian Cabos e Sistemas, do outro lado da baía, foi autorizada pelo governo do Estado a aterrar no município de Vila Velha. Nesta área também foram perdidos mais de dois campos de futebol: exatamente 21 mil m².
A construção de cinco gigantescos tanques para armazenamento de soda cáustica, nos morros do Atalaia e Pela Macaco, em Vila Velha, da Nascom Logística Ltda., também ameaçam a baía, causando problemas ambientais e prejuízo à paisagem. Mas os riscos potenciais são enormes: em caso de vazamento, a área de contenção é insuficiente para armazenar a soda.
A instalação da Flexibrás no Estado ocorreu no governo de Gerson Camata. Com a construção, os capixabas perderam um espaço para criação de área de lazer na região. O governo não só permitiu como fez gestões para a instalação da Flexibras na área do Porto de Vitória.
Em 2007, a empresa ampliou de 250 quilômetros para 400 quilômetros a fabricação de tubos flexíveis e cabos umbilicais. Dessa produção, 99% são totalmente destinados à Petrobras. A ampliação proporcionou aumento de 40% no faturamento da empresa.
(Por Manaira Medeiros,
Século Diário, 16/12/2008)