Nos Estados Unidos, é corrente a expressão NIMBY – acrônimo de Not In My Backyard, que significa "não em meu quintal". Ela é utilizada para sintetizar rejeição a projetos que, mesmo reconhecidos como de interesse comum, são refutados pelas comunidades de seu entorno. Em tal bojo, encaixam-se de fábricas com resíduos de alto nível poluente a usinas nucleares.
No Paraná, esse é o sentimento da população atingida pelo Aterro da Caximba, localizado em uma área de aproximadamente 1 milhão de metros quadrados, a 23 quilômetros ao sul do centro de Curitiba. O empreendimento recebe os resíduos sólidos domiciliares da capital e de outros 14 municípios da região metropolitana.
No início deste mês, uma comissão de moradores apresentou à Promotoria do Meio Ambiente do Ministério Público do Paraná queixas relacionadas à operação do Aterro. Entre as preocupações externadas, a suspeita de que a contaminação pelo lixo esteja causando vários dos problemas de saúde que vêm sendo registrados pela população local, como doenças renais, respiratórias e abortos espontâneos.
Outra denúncia feita no encontro revelou que grandes empresas geradoras de resíduos estariam misturando lixo industrial ao lixo orgânico depositado no Caximba, o que não é permitido.
O MP se comprometeu a encaminhar ao Instituto Ambiental do Paraná (IAP) um ofício solicitando que o órgão verifique as condições do aterro e, se constatadas irregularidades, que multe a Prefeitura de Curitiba.
No dia 11 passado, moradores participaram de uma reunião na Câmara Municipal de Curitiba para discutir a retirada do aterro sanitário do bairro e as opções para a instalação da usina de processamento de resíduos ora em estudos pela Prefeitura da capital paranaense.
Aos vereadores membros da Comissão de Segurança Pública e Defesa da Cidadania, o grupo pleiteou opções de um novo local para receber o lixo em Curitiba, acabando com o aterro sanitário no Caximba.
É o sonho de gente como Daiana Mara Ribeiro Batista, 22 anos, leitora de Ambiente Brasil que enviou ao portal uma mensagem comovente. “Não queremos lixão, nem aterro, nem usina de reciclagem. Nos deixem em paz, pelo amor de Deus”, escreveu ela.
“No Caximba todo mundo é parente de todo mundo, o que seria um bairro nobre estão enterrando com o lixo”, prossegue Daiana, mãe de uma menina com oito meses de idade. “Como a criarei ao lado do lixo?”, questiona.
“Sofremos com o aterro sanitário durante 19 anos, minha família é uma das que foram indenizadas pela compra dos primeiros terrenos e até hoje não recebemos tudo”, coloca ainda.
(Por Mônica Pinto, AmbienteBrasil, 15/12/2008)