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contaminação da água
2008-12-15

O anúncio de que a empresa Vedan, de Taiwan, produtora de glutamato monosódico, um condimento que ressalta o sabor dos alimentos, contaminava o rio Thi Vai elevou no Vietnã a consciência ambiental da população. Funcionários detectaram que essa companhia lança há mais de 10 anos esgoto nesse rio e que evitou os controles por meio de tubulações escondidas no próprio curso de água. Desde que estourou o escândalo, autoridades ambientais nacionais e o governo local se acusam mutuamente pela falta de fiscalização. Era um segredo conhecido de que um trecho do Thi Vai estava “morto”.

Um informe realizado pela Agência de Proteção Ambiental do Vietnã deixou isso bem claro em 2006, além de dar detalhes da grave contaminação de outros rios do norte do país. A imprensa investigou a conduta de numerosas fábricas e estimou que menos de um terço delas contam com instalações adequadas para tratar as águas residuais. O paradoxo é que o escândalo teve origem no rio Dong Nai, para o qual existe um ambicioso programa ambiental. O projeto-piloto Pagamento por Serviços ao Ecossistema (PSE) prevê o pagamento a agricultores rio acima de dinheiro entregue pelas hidrelétricas e outras empresas instaladas no curso baixo com a intenção de preservar a pureza da bacia do Dong Nai.

O rio contaminado pela Vedan é o Thi Vai, não o Dong Nai, mas Jim Peters, diretor da Winrock International, organização que implementa o PSE, disse que todos os cursos de água da bacia estão relacionados. As empresas “pagam para manter a qualidade da água” mas, embora os moradores rio acima não a poluem, se “a água que chega a elas não é de alta qualidade, reduzem o pagamento”, explicou. Mas, também assegurou que Winrock não está metida em assuntos “turvos” e que é preciso fazer mais analises antes de emitir julgamentos. O que é claro é que os resíduos líquidos gerados no processo de industrialização do Vietnã, que contribui para o rápido crescimento da economia desse país e para reduzir a pobreza, agora são vistos nos rios e no ar. É um padrão já vivido por outros países.

“Contamina-se os recursos naturais para gerar empregos. O caminho tradicional é usar esse capital e reinvesti-lo para controlar melhor a contaminação”, explicou Peters. A preocupação atual é que as condições ambientais acabem prejudicando a economia, o que já acontece em algumas áreas. A aqüicultura já está afetada. Em julho soube-se que os barcos deixarão de atracar no porto de Go Dau por medo de que a água corroa seus cascos. A falta de desenvolvimento em algumas zonas do país também tem sua responsabilidade, embora menor, na contaminação da água. Mais de mil aldeias com velhos equipamentos de saneamento que lançam os dejetos nos cursos de água. E não somente os rios estão contaminados.

A baía de Há Long, um dos lugares turísticos do norte do Vietnã e declarado Patrimônio Mundial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), foi prejudicada pelo rápido crescimento do turismo. Grande parte dos corais morreu e os mangues estão muito afetados. “A morte dos corais não é novidade. É algo que já se sabia”, disse à IPS Mike Haynes, consultor independente em matéria ambiental que trabalha há anos na baía.

“Não é apenas a contaminação, mas também a sedimentação produzida por centenas de razões diferentes”, explicou. A erosão do solo causada por obras de construção em Há Long, também uma cidade costeira de rápido crescimento, é uma das principais causas desta situação. “Há esgotos em zonas turísticas e os lixões são um grande problema por todo o país”, disse Haynes. A baía de Há Long recebe mais de dois milhões de turistas por ano.

Ngyen Thi Thu Hang, de 35 anos, vive há 10 em um barco no rio Vermelho, em Hanói, com sua família, e ganha a vida com a pesca e qualquer outro trabalho que possa conseguir para alimentar seus três filhos. “Não uso esta água para cozinhar”, disse à IPS. “Está muito suja por causa do lixo e do esgoto das casas e fábricas da região”. O campo “está tão mal quanto a cidade”, disse Bui Van Kim, vendedor de cerâmica que costuma viajar frequentemente por esse rio e para quem a contaminação piorou nos últimos anos. Mas, não está tão ruim quanto em sua cidade natal, Du Bac, na vizinha província de Vinh Phuc, cortada pelos rios Lo e Daí. “Creio que isto está muito errado e não sei como pedir ajuda. Em minha aldeia tudo está contaminado”, afirmou.

Os moradores são obrigados a comprar água potável em outros lugares. Além disso, seu médico lhe disse que as brotoejas que tem na pele se deve à água usada para lavar sua roupa. Outro morador de Du Bac, Tran Van Khanh, professor de 31 anos, concorda com Kim. Ele mesmo faz análise da água e dos moradores da aldeia. Segundo disse, 65% da população sofre de alguma doença, desde câncer até cálculos renais, vinculada ao alto grau de contaminação dos rios. “O governo local se interessa pelo assunto, mas pouco pode fazer. Querem um sistema hídrico limpo, algo difícil de conseguir”, disse à IPS por telefone.

O Vietnã tem muitas leis ambientais consideradas avançadas, mas é difícil implementá-las localmente. Esse fato, além das multas bastante simbólicas, são os maiores obstáculos que este país tem para conter a contaminação. 

(Por Helen Clark, Envolverde, IPS, 11/12/2008)


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