A constatação, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de que mais de 90% dos municípios brasileiros enfrentam a ocorrência de forma freqüente e impactante de problemas ambientais ajuda a explicar alguns dramas sociais em diferentes pontos do país. Em conseqüência, reforça a responsabilidade dos prefeitos que assumem ou reassumem as prefeituras em janeiro, pois precisarão dar mais atenção a esta área, investindo recursos próprios ou gestionando junto aos organismos estaduais e federais por mais verbas para a área. Tanto no Rio Grande do Sul, às voltas com uma nova ameaça de estiagem, quanto em Santa Catarina, que ainda tenta se recuperar do drama da enxurrada, os municípios admitem menos problemas ecológicos em relação ao restante do país. Ainda assim, os atuais e os futuros administradores precisam se mostrar atentos a uma questão de resultados pouco visíveis, mas cada vez mais vital para o bem-estar e a segurança dos munícipes, como é o caso da preocupação ecológica.
Entre os municípios que reconhecem algum tipo de dano ambiental, os problemas na maioria das vezes se repetem. Em muitos casos, os relatos incluem queimadas, desmatamento e, em conseqüência dessas práticas danosas que resultam em desnudamento dos solos, um excessivo assoreamento dos corpos d’água, fenômeno provocado pelo acúmulo de detritos nos leitos de rios e córregos, por exemplo. Em conseqüência, avolumam-se problemas como poluição e escassez de água e não são incomuns relatos de contaminação do solo, de poluição do ar e de degradação de áreas, além de prejuízos a práticas vitais para o bom desempenho da economia, como a agricultura e a pesca.
A maioria dos problemas ecológicos ocorre devido à ação ou à omissão da população e dos que são eleitos para representá-la politicamente, o que em tese facilita a busca de soluções. A questão é que políticas ambientais raramente provocam resultados visíveis e, portanto, não costumam render votos para quem pretende fazer carreira política. Descasos ambientais só tendem a chamar mais atenção quando dão margem a episódios de maior repercussão, como os registrados recentemente em Santa Catarina, com conseqüências irremediáveis, como as perdas de vidas humanas e efeitos que continuarão sendo percebidos ao longo dos próximos anos.
Por razões óbvias, municípios de maior porte são os que tendem a registrar mais problemas na área ambiental, devido à dificuldade de enfrentar o ritmo do crescimento urbano e a práticas como o excesso de ruas asfaltadas, que tendem a limitar ou mesmo a impedir o escoamento das águas. Independentemente do porte das cidades, e sejam elas rurais ou urbanas, é preciso que os novos administradores se comprometam em conter os efeitos de práticas que resultam na ampliação dos danos nessa área.
DESINTERESSEA maioria dos problemas ecológicos ocorre devido à ação ou à omissão da população e dos que são eleitos para representá-la politicamente. A questão é que políticas ambientais raramente provocam resultados visíveis e, portanto, não costumam render votos.
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Zero Hora, 14/12/2008)