Muitas ONGs também manifestaram desapontamento e reclamaram da falta de liderança da União Européia, que sempre esteve na vanguarda na questão. Savio Carvalho, da Oxfam, afirmou que esperava mais compromissos para mitigação e mais recursos para os países vulneráveis se adaptarem às mudanças da temperatura.
Tasneem Essop, do WWF, afirmou que está orgulhosa do papel dos países em desenvolvimento. "Esses países vieram com propostas firmes."
O Brasil, que sempre relutou a adotar metas contra o aquecimento, foi um exemplo. Ontem, Al Gore, Prêmio Nobel da Paz e ex-vice presidente dos EUA, classificou de "impressionante" o plano brasileiro de mudanças climáticas.
Foi o segundo elogio de peso que o país colheu na conferência. Anteontem foi a vez do secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, dizer que o Brasil tinha "uma das economias mais verdes do mundo".
O ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) afirmou ontem que o reconhecimento ao plano nacional, que possui metas -ainda que modestas- de redução de desmatamento, já tem surtido efeitos positivos.
O governo brasileiro fez reuniões com Alemanha, França e Reino Unido, por exemplo. Esses países sinalizaram com a possibilidade de repassar recursos ao Brasil. Por enquanto, o Fundo Amazônia, criado para o combate ao desmatamento, só tem dinheiro da Noruega -US$ 100 milhões, com promessa de chegar a US$ 1 bilhão.
Segundo Minc, o país precisa de algo entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões por ano para atuar contra o desmatamento.
Outros países em desenvolvimento também foram felicitados por Gore. Para ele, a China, sempre mencionada como obstáculo para deter as mudanças climáticas, agora está pronta.
Sobre o fato de só haver mais um ano para o acordo sobre as metas para o período pós-2012, quando o Protocolo de Kyoto expira, ele afirmou que "pode ser feito, deve ser feito, vamos terminar esse processo". Para isso, afirma, vários encontros precisarão ser feitos antes de Copenhague, no fim de 2009.
Em julho, as negociações para definir metas de redução das emissões de gases-estufa começarão efetivamente.
Gore terminou seu discurso em seu melhor estilo "showman": "Yes, we can" (sim, nós podemos), declarou, numa alusão à frase de campanha de Barack Obama. A frase foi repetida por jovens na reunião. (AB)
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Folha de São Paulo, 13/12/2008)