Os mais freqüentes são as queimadas, os desmatamentos e o assoreamento de rios e lagoas, além da poluição e escassez de águaNo entanto, falta infra-estrutura adequada para atacar problema: só 37,4% das cidades têm recursos próprios para a área
A cada dez cidades brasileiras, nove convivem com problemas ambientais como queimadas, desmatamento e assoreamento de rios e lagoas. Mas só pouco mais de um terço dos municípios possui recursos orçamentários próprios para enfrentar tais questões. O diagnóstico é da Munic (Pesquisa de Informações Básicas Municipais), divulgada pelo IBGE.
Das 5.554 cidades do país, 90,6% relataram sofrer com problemas ambientais, cuja ocorrência foi "freqüente e impactante", segundo relato dos gestores municipais.
Em 14,9% das cidades, os danos ambientais foram considerados graves, por afetarem as condições de vida da população nos últimos 24 meses anteriores à pesquisa, realizada no primeiro semestre deste ano. Outros 35,7% dos municípios dizem que eles geraram impacto negativo na economia.
Em média, prefeitos e secretários declaram 4,4 problemas ambientais por cidade. Os mais freqüentes são: queimadas (54,2%), desmatamentos (53,5%), assoreamento de rios e lagoas (53%), poluição da água (41,7%) e escassez de água (40,8%).
Apesar do relato freqüente de danos, só 37,4% das cidades têm recursos próprios para a área e 22,6% possuem fundo específico para o setor -instrumento importante, porque "carimba" a verba para ser gasta exclusivamente em ambiente.
Segundo Roberto Guimarães, professor da FGV (Fundação Getulio Vargas) especialista em ambiente, muitas cidades não estão preparadas para lidar com o tema.
Ele citou como exemplo o desastre provocados pela chuva em Santa Catarina, que, em sua visão, só se converteu em tragédia e morte por causa do desmatamento das matas ciliares dos rios da região de Blumenau e Itajaí. "Por que não morreu ninguém em Brusque, que fica ao lado? É que lá a mata ciliar está preservada."
Considerando os problemas ambientais graves, o maior percentual de cidades que apontaram a sua ocorrência está na região Norte: 24,1%. Nos 37 municípios com mais de 500 mil habitantes, 40,5% dizem sofrer com eles.
Pelos dados do IBGE, as queimadas prevalecem nas regiões Norte (74,2% das cidades) e Centro-Oeste (62,4%). O assoreamento é mais citado no Centro-Oeste (63,3%) e no Sudeste (60,2%).
Não por acaso os problemas mais comuns no Rio e em São Paulo são ligados ao assoreamento -68,5% e 58,1%, respectivamente. No Rio, em seguida surge a poluição da água (63%). Em São Paulo, aparecem as queimadas -50,4%.
Para Frederico Barcellos, técnico do IBGE, há uma crescente conscientização dos gestores municipais para os problemas ambientais, especialmente na região Norte, onde eles se tornaram mais graves e freqüentes. "A região despertou para as questões relativas ao ambiente."
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Folha de São Paulo, 13/12/2008)