A administração do presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama, planeja uma grande mudança nas políticas para o ambiente. No entanto, o futuro ocupante da Casa Branca não escolheu radicais para implementar novas ações. Os três indicados para os principais cargos do setor não são ativistas, mas reguladores que passaram anos tratando de questões como emissão de mercúrio, desmatamento, e caça a animais em extinção. As informações são de reportagem publicada nesta sexta-feira, pelo jornal "The Washington Post".
No governo Obama, além dos problemas tradicionais --poluição do ar e da água e desmatamento--, a equipe de terá que trabalhar para cumprir uma promessa de campanha do democrata: cortar emissão de gases que provocam o efeito estufa, proposta que poderá implicar em uma guerra política.
Pouco se sabe sobre as questões específicas que serão priorizadas no futuro governo. Os indicados por Obama superaram os ativistas, apresentando uma visão mais sofisticada sobre políticas para o ambiente. No entanto, desapontaram outros setores que acreditam que eles não serão capazes de fazer as mudanças necessárias.
O esforço para limitar a emissão de gases que provocam o efeito estufa será mais ambicioso do que se imaginava. 'Vai ser um grande desafio', disse Felicia Marcus, diretora do Conselho de Defesa dos recursos naturais.
EquipeFontes democratas dizem que Obama planeja nomear Carol M. Browner, ex-funcionária da Agência de Proteção Ambiental, para um cargo ligado ao setor de energia, ambiente e mudança climática. Para o lugar de Browner, será chamada Lisa P. Jackson, que comandou a Agência de Proteção Ambiental em New Jersey.
Nancy Sutley, vice-prefeita de Los Angeles, deverá comandar o Conselho para Qualidade Ambiental da Casa Branca. O presidente eleito deverá anunciar os nomes na semana que vem. Além deles, Obama vai nomear o Nobel de Física, Steven Chu, secretário de Energia. Os três vão formar a equipe do futuro governo para o ambiente.
Grupos ligados à defesa do ambiente elogiaram os nomes e chamaram o grupo de "green dream team". Setores da indústria, no entanto, foram mais cautelosos. Na Câmara do Comércio americana, o vice-presidente William Kovacs disse que existe a preocupação de que a equipe defenda a restrição drástica da emissão de gases poluentes e novos custos para o uso da energia.
Já o professor de direito da Universidade de Houston, Victor Flatt, especialista em legislação ambiental, disse que a equipe mostra a estratégia de Obama. Segundo ele, em uma briga legislativa sobre o direito de cortar emissões, será importante ter pessoas que já ocuparam cargos de governo comandando as negociações.
Ontem, o republicano Henry Waxman, que será o novo presidente do Comitê de Energia e Comércio, disse Obama selecionou uma equipe de primeira categoria. "Será uma mudança dramática em relação ao que vimos nos últimos oito anos de administração Bush, quando muitas das agências que deveriam estar trabalhando para proteger, estavam destruindo o ambiente", afirmou.
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Folha Mundo, 12/12/2008)