O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, desbancou ontem (quarta-feira), em Poznan, na Polônia, o discurso da diplomacia brasileira que sempre defendeu o princípio da responsabilidade comum, mas diferenciada - ou seja, que é dos países industrializados, emissores históricos, tenham um papel maior na luta pelo combate ao aquecimento global. Essa tem sido a maior desculpa de países como Brasil, Índia e China, para não assumir metas de redução de emissão dos gases do efeito estufa.
Em evento paralelo para o lançamento do Plano Nacional de Mudanças do Clima e do Fundo Amazônia, Minc comparou as mudanças climáticas a um avião com furos em pleno vôo. E questionou o que os passageiros teriam que fazer: procurar os culpados ou se juntar para resolver o problema. Minc também fez um bom discurso na programação oficial. Ele defendeu a criação de um fundo global para que os países em desenvolvimento comprovadamente reduzam e evitem emissões e garantam os direitos indígenas e de povos tradicionais.
“Condicionar o fundo ao respeito aos povos indígenas é fundamental porque sem os índios fica muito mais fácil destruir a floresta”, disse Paulo Adário, diretor da campanha de Amazônia, que acompanha em Poznan as discussões da Conferência do Clima.
Entre o discurso e a prática, no entanto, há um precipício. No dia anterior ao discurso de Minc na Polônia, o presidente Lula assinava um decreto anistiando por um ano as multas por desmatamento e o Supremo Tribunal Federal votava medidas que tiram dos povos indígenas o direito de defender seus territórios.
(Greenpeace, 11/12/2008)