O Senado dos EUA permitirá que o futuro presidente Barack Obama assine um novo acordo climático da ONU, no final de 2009, mesmo que até lá as leis norte-americanas sobre o assunto ainda não estiverem em vigor, previu o senador John Kerry na quinta-feira.
Mas o futuro presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado disse em Poznan, onde participa de uma conferência climática da ONU, que, para que o Senado dê aval ao acordo, a China, a Índia e a Rússia também terão de se comprometer com reduções nas emissões de gases do efeito estufa.
"Isso será como uma diferença entre a noite e o dia", disse Kerry à Reuters, acrescentando que, depois dos oito anos de "inação" do governo Bush, há entusiasmo nos EUA a respeito de uma ação contra o aquecimento global.
Assim, Obama poderia aderir ao esquema de redução de emissões, a ser definido no final de 2009 na Dinamarca, mesmo que o Senado até lá não tenha chegado a um acordo sobre leis climáticas.
"Podemos ter começado o processo legislativo (doméstico), não é preciso que o tenhamos completado (antes do acordo da ONU)", afirmou.
Em 1997, o então presidente Bill Clinton aderiu ao Protocolo de Kyoto, que previa a redução de emissões em países desenvolvidos até 2012. No entanto, ele nunca levou o pacto à ratificação no Senado, e em 2001 Bush o "desassinou".
Kerry, derrotado por Bush na eleição presidencial seguinte, em 2004, fará um relato a Obama sobre a conferência de Poznan.
Ele acha que, até a conferência de 2009 em Copenhague, os projetos sobre leis climáticas deverão ter passado por algumas comissões, mas não terão chegado ao plenário do Senado "por causa da situação econômica e das questões orçamentárias, entre outras coisas".
Obama propõe que as emissões de gases do efeito estufa, que atualmente estão 17 por cento superiores às de 1990, voltem àquele patamar até 2020, e caiam mais 20 por cento até 2050. "Alguns de nós acreditamos que deveríamos ir além disso (em 2020)", disse Kerry. "Minha esperança é que (...) possamos até fazer melhor."
Bush rejeitou o Protocolo de Kyoto por causa do seu impacto econômico e porque considerava injusto que países em desenvolvimento não tivesse metas a cumprir. "O importante agora é que vamos para Copenhague entendendo que nenhum tratado vai passar no Senado dos EUA se não for uma solução global. China, Índia e Rússia -- todos os países têm de ser parte da solução", disse Kerry.
"A China é atualmente a maior emissora do mundo. A China tem de reduzir, em níveis concretos e fixos a partir dos níveis atuais. Assim como nós. Assim como a UE (União Européia), assim como o resto do mundo." O senador defendeu que as metas variem para cada país.
(Por ALISTER DOYLE, REUTERS, 11/12/2008)
(Reportagem adicional de Gerard Wynn)