Pesquisa divulgada pela Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) hoje, 10, aponta crescimento da população indígena na Capital, levando-se em conta a média de idade das pessoas nas diferentes tribos: guarani, caingang e charrua. O levantamento dos coletivos indígenas de Porto Alegre e regiões limítrofes foi realizado entre 6 de abril a 8 de setembro deste ano.
Segundo o coordenador da pesquisa, professor Sérgio Baptista da Silva, é expressiva a concentração da população na faixa etária entre 7 e 21 anos nas tribos. Conforme a pesquisa, 70% está nessa faixa etária. Em contrapartida, a população idosa é mínima, apenas 4,8%. O número reduzido é um indicador das difíceis condições de vida enfrentadas por essa população. O estudo identificou 609 indígenas em dez assentamentos em Porto Alegre e regiões limítrofes, sendo 45% guaranis, 49% caingang, 3,8% charrua e 1,3% outros.
Durante o período pesquisado, foram levantado dados sobre demografia, meio ambiente, saúde, escolaridade, alimentação, entre outros, relativos ao modo de viver e pensar desses grupos. Atividades oriundas do artesanato e da horticultura são o foco da sustentabilidade dos indígenas, sendo que 80% dos guaranis tiram seu sustento da horticultura e 90,8% dos caingangues do artesanato, assim como 81,8% dos charruas.
Outro dado significativo constatado é a pouca permanência dos indígenas nas aldeias. "Em média, eles ficam de um a quatros anos, uma característica forte dessas tribos", destacou o professor. Do universo pesquisado, muitos indígenas disseram sofrer preconceito em hospitais, 90% informaram freqüentar o ensino fundamental. Quanto à posse de documentos de identificação, 71,7% disseram possuir certidão de nascimento e 59,5% registro na Funai.
Silva ressaltou a importância dos dados para a construção de políticas públicas na área. Segundo ele, as informações são particularizadas por etnias e isso é que irá contribuir para as ações futuras. "Precisamos tratar as tribos levando em conta suas características", enfatizou. A expectativa do representante da Funai, Neri Ribeiro, é de que os dados sejam usados em benefício das comunidades e na melhoria das condições de vida desses povos. A presidente da Fasc, Brizabel Rocha, elogiou o detalhamento do estudo. Para ela, as pesquisas se tornam instrumento fundamental para adoção ou complementação de políticas voltadas para essa população.
Pesquisa
O estudo foi desenvolvido pelo Laboratório de Observação Social (Labors), órgão vinculado ao Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Ufrgs. Supervisionado por profissionais da Fasc, da área de assistência social, o projeto foi executado por oito pesquisadores de diferentes áreas. Participaram ainda seis bolsistas das áreas de Direito, História, Biologia, Ciências Sociais, entre outros. O financiamento dos estudos foi feito pelo Ministério de Desenvolvimento Social, por intermédio da Fasc. As pesquisas são subprojetos do contrato firmado entre a Fasc e a Ufrgs, que previu também estudos das populações de crianças e adolescentes em situação de rua, da população adulta em situação de rua, quilombolas e afro, já divulgados.
(Prefeitura de Porto Alegre, 10/12/2008)