A Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), ONG do Paraná, divulgou na semana passada os números do programa "Desmatamento Evitado", que completou um ano com proteção de quase 3% da Floresta de Araucária no Estado como maior resultado.

A iniciativa, que contou com apoio de empresas privadas, garantiu a adoção e preservação de 14 propriedades, que correspondem a quase 2,67% da mata nativa do Paraná, que em 2001 era de 0,6 milhões de hectares (Probio-Fupef- UFPR). "Essa área preservada é resultado de um ano do projeto que já está servindo de exemplo para países como México, Argentina e Panamá", afirma o diretor da SPVS, Clóvis Borges.

Borges explica que os valores investidos são de uma campanha da instituição financeira chamada de "Seguros Verdes". A cada contratação ou renovação da apólice de seguro o cliente ganha um bônus para preservar uma área nativa de 88 m2, no caso de seguro veicular, ou de 44 m2, no caso de seguro residencial.

Segundo estimativas realizadas pela SPVS, cada carro (de  médio porte e que rode cerca de 50km/dia utilizando gasolina) produz anualmente cerca de  4 toneladas de CO2. No caso das residências, o cálculo médio de emissões de poluentes (uso de gás, eletricidade, geração de lixo, etc.) é de cerca de 2 toneladas de CO2.
 
Resultados
Florestas com araucária tinham 167 mil km2 (16,7 milhões ha) originalmente no Sul, desses 80 mil km2 (8 milhões ha) no Paraná, que equivalem a 1/3 da área do Estado, e em 2001 só restavam 6 mil km2 (0,6 milhões ha), 0,8%

Os 1.763,63 hectares ou 17,636 milhões de metros quadrados de terras no Paraná e Santa Catarina estão sendo protegidas em parte ao apoio de empresas como o HSBC que adotou 10 áreas que correspondem a 1.105,70 hectares de florestas nativas. Esse número segundo Fernando Moreira, diretor-executivo do banco, vai aumentar até o final do ano, chegando a quase 1.500 ha. “Em mais de um ano de projeto investimos quase R$ 1,5 milhão”.
 
Conforme Moreira, o recurso repassado pelo HSBC Seguros passa a ser destinado aos proprietários que recebem uma quantia mensal para que as áreas sejam conservadas. "O projeto está servindo de modelo, pois a empresa não está fazendo uma doação e sim investindo num diferencial para seu produto”. 

Borges destaca que o Desmatamento Evitado permite que áreas deixem de ser desmatadas, mantendo o carbono estocado e contribuindo com a regulação climática, além de proteger a biodiversidade e a função ecológica dessas áreas.  O projeto está sendo exportado para outros países e é uma iniciativa reconhecida por instituições que trabalham com o aquecimento global, como a Fundação Avina.

Conforme a assessoria de imprensa do SPVS, o espaço mantido pelo HSBC, no Paraná e Santa Catarina, corresponde à  133 mil toneladas de Carbono. Além dessas áreas, a SPVS preserva outros 1.314,86 hectares adotados pelo Grupo Positivo, Rigesa, Sun, Chemical e Fundação O Boticário. As áreas adotadas estão localizadas nas cidades da Lapa, Bocaiúva, Fernandes Pinheiro e Tibagi, no Paraná, e Itaiópolis, em Santa Catarina.

(Por Carlos Matsubara, Ambiente JÁ, 11/12/2008)