A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Agrotóxicos da Assembléia Legislativa do Espírito Santo (Ales) recebeu nesta terça-feira (9) o vice-presidente da Confederação dos Engenheiros Agrônomos do Brasil, Levi Montebelo, para um debate sobre a comercialização e o uso adequado de agrotóxicos e afins.
Participaram dos trabalhos a presidente da CPI, deputada Janete de Sá (PMN), o relator da Comissão, deputado Atayde Armani (D25) e Dary Pagung (PRP), membro efetivo, além de engenheiros, estudantes de agronomia, comerciantes, representantes dos Conselhos de Engenharia e entidades. O palestrante falou sobre aumento da população, fome, cultura e tecnologia, assuntos que, segundo ele, têm tudo a ver com a utilização de defensivos agrícolas em todo o mundo.
“A tecnologia agronômica, que são os chamados defensivos agrícolas, é necessária em todas as lavouras e isso está diretamente relacionado ao excesso de seres humanos em todo o planeta que precisam se alimentar. A primeira medida a ser tomada para se ter um maior controle é a aplicação da legislação que existe desde 1933. É preciso que se cobre a presença de um engenheiro agrônomo nas lavouras assim como é cobrada a presença do engenheiro civil nas construções”, salientou Levi.
O engenheiro disse ainda que só assim será possível dar ao consumidor a garantia de que ele está consumindo um alimento saudável. “Acho que é o sonho de todos os agrônomos ver produzir alimentos naturais sem o uso de defensivos. Nosso trabalho é como a medicina, nós precisamos prescrever a dosagem adequada de agrotóxicos para garantir a saúde das pessoas”, frisou.
Para a deputada Janete de Sá, a situação é agravada porque os agricultores não estão habilitados para manusear os produtos. “A maioria é leiga no assunto e alguns produtores não sabem a quantidade certa de agrotóxicos que podem utilizar para não contaminar o solo e os mananciais e isso foi um dos motivos que me motivou a propor a criação da CPI. Eu quero que a lei seja aplicada de forma correta para que a gente se alimente com mais segurança”, disse ela.
Levi Montebelo acredita que a discussão do assunto no Legislativo capixaba pode ajudar no cumprimento da Lei que rege a utilização de defensivos. Ele falou que, antes de tudo, é preciso criar uma consciência de que nem tudo está contaminado. “Por isso a presença do engenheiro agrônomo no processo produtivo é fundamental para que seja feita a rastreabilidade, sustentabilidade e a certificação dos produtos. Esta é a nossa missão como agrônomos e por isso o País investe caro para manter os estudantes nas universidades e formar profissionais qualificados nas ciências agrárias”.
Na opinião de Montebelo, a Ales dá exemplo quando cria uma Comissão para fiscalizar as ações que envolvem o uso de agrotóxicos no Estado. “O importante é que a gente aja e pense coletivamente, por isso o envolvimento da Assembléia do Espírito Santo é fundamental. Hoje eu conheci esta Casa e estou entusiasmado com as discussões de alto nível que acontecem aqui”, finalizou.
Todas as ações da CPI dos Agrotóxicos têm o objetivo de apurar possíveis irregularidades com danos à vida humana e ao meio ambiente em face do uso de produtos agrotóxicos comercializados por empresas privadas instaladas no Estado do Espírito Santo. Além da presidente Janete de Sá, a CPI dos Agrotóxicos é composta pelo vice-presidente Wanildo Sarnáglia (PTdoB), e pelos membros Atayde Armani (D25), Dary Pagung (PRP), Vandinho Leite (PR) e Robson Vaillant (D25).
(Por Luciana Pimentel, ALES, 09/12/2008)