O Plano Nacional para Mudança do Clima, anunciado pelo governo no último dia 2, ainda não teve a repercussão esperada na COP-14, a conferência da ONU para discutir medidas contra o aquecimento global que ocorre de 1 a 12 de dezembro na Polônia. O documento assinado pelo presidente Lula estipula que até 2017, o Brasil diminua o desmatamento entre 30% e 40% . Esperava-se que com essa medida, os negociadores brasileiros tivessem uma “carta na manga” nas discussões com os outros países. Segundo Alexandre Prado, representante da ONG Conservação Internacional em Poznan, “o Plano ainda não foi internalizado pelos demais ministérios que negociam por aqui, por isso ainda não foi usado como uma ferramenta na negociação”. No entanto, segundo ele, isso pode mudar com a chegada do ministro Carlos Minc amanhã.
Mesmo sem poder contar com as metas do Plano, o Brasil tem influenciado as negociações de REDD (Redução de Desmatamento e Degradação). A principal iniciativa brasileira, um fundo mundial para fomentar ações contra a degradação das florestas, ganhou um importante aliado no último sábado, a União Européia. “ Trata-se de um grande fundo (cerca de EU$ 25 bilhões) para várias iniciativas vinculadas à redução do desmatamento, fora do mercado formal de carbono, com a possibilidade de participação de todos os países que têm floresta. Caso dê certo, certamente é uma vitória da equipe brasileira que vem defendendo esta idéia desde 2006”, explica Prado.
Acordos como esse firmado pelo Brasil evidenciam uma tendência em Poznan. A de que os países emergentes estão tomando a dianteira nas questões ambientais. “O Brasil está mais tranqüilo que no ano passado, pois finalmente colocou compromissos nacionais de desmatamento formalmente”, afirma Prado. Além dos brasileiros, outros países estão engajados por soluções para suas florestas. É o caso da Indonésia e do Gabão, que tem as madeireiras como maior causa do desmatamento. “Formas diferenciadas de pressão vão exigir formas de atuação diferentes”, diz o ativista.
A expectativa geral agora é para que os países desenvolvidos participem de forma mais efeitiva. Para Alexandre Prado a impressão de que as negociações em Poznam não andaram porque essas nações não mostraram comprometimento está correta. “É um pouco frustrante ver países ricos não assumirem uma posição radical de corte de emissões, desconsiderando completamente os interesses dos cidadãos que representam, bem como as gerações futuras de nosso planeta”, lamenta.
(Natalia Guaratto,
Blog do Planeta, 09/12/2008))