Empresas com alto nível de emissões de gases de efeito estufa (GEE), como petrolíferas e fornecedoras de energia, poderão, em breve, estar sujeitas a processos judiciais de pessoas prejudicadas pelos efeitos das mudanças climáticas. A afirmação é de Myles Allen, pesquisador da Universidade de Oxford e um dos maiores especialistas em mudanças climáticas no Reino Unido.
Allen e sua equipe estão trabalhando em um modelo que permita atribuir o grau de responsabilidade humana sobre adversidades da natureza. “Estamos chegando a um ponto em que, quando um evento extremo da natureza acontece, podemos dizer o quanto foi causado por atividade humana”, disse o cientista, em entrevista ao jornal britânico The Guardian.
A técnica envolve a utilização de dois computadores simulando as condições que resultariam nesses eventos. O primeiro inclui as emissões de gás carbônico (CO2) por atividades humanas. O segundo, como controle, considera que o nível do gás na atmosfera se manteve nos níveis anteriores à Revolução Industrial. Os resultados, comparados, permitiriam dizer se o evento foi "culpa" do CO2 liberado pelo homem na atmosfera, funcionando como uma "prova" em processos judiciais.
Os especialistas em legislação consultados pelo jornal, no entanto, acreditam que seja difícil estabelecer um culpado nessas situações. De acordo com um dos entrevistados, mesmo que se atribua a responsabilidade sobre um evento ao CO2 emitido por atividade humana, é difícil estender essa responsabilidade a um determinado setor ou empresa.
(Ultimo Segundo, 09/12/2008)