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biocombustíveis
2008-12-10

Defensores e críticos dos biocombustíveis divergem quanto à aposta brasileira na alternativa aos combustíveis fósseis, principalmente num cenário de queda dos preços do petróleo, mas concordam que a crise financeira mundial vai afetar os investimentos no setor.

"Já começa a haver ajustes frente à conjuntura econômica adversa mas os fundamentos não foram alterados. Não se trata de um jogo comercial mas de um jogo de interesses, onde os investimentos são feitos num conceito em que o foco é a questão ambiental", disse à Agência Lusa o vice-presidente da Associação Paulista de Cogeração de Energia (COGEN), Carlos Roberto Silvestrin.

Na avaliação do empresário, a crise vai adiar investimentos no setor, mas a procura pelos biocombustíveis deve continuar. "Os biocombustíveis hoje fazem parte da agenda global e não vão sair dela. O que pode ocorrer é que os investimentos na área tenham a sua velocidade ajustada às condições econômicas, porque, de fato, o cenário não é de euforia", declarou.

Aposta continua alta
Segundo o diretor-executivo da Embrapa, Geraldo Eugênio de França, apesar da crise e da queda do preço do petróleo, atualmente cotado em US$ 40,1 o barril, a menor cotação em quatro anos, a aposta brasileira nos biocombustíveis continua alta.

"O mundo não vai continuar neste estado de sobressalto. A economia americana deve começar a estabilizar a partir de janeiro. Quanto ao petróleo, havia uma especulação que não se justificava e o barril deve ficar entre US$ 70 a US$ 80, o que já vale continuar a investir nos biocombustíveis", disse França à Lusa.

O diretor da Embrapa lembrou ainda que a gasolina no Brasil contém 25% de etanol e que, até o final do ano, o país terá 26 milhões de carros movidos a álcool e gasolina. "O próprio mercado interno, portanto, que é forte e assegurado, nos protege. Mas acreditamos também que o etanol continuará a ser um forte componente na matriz energética norte-americana em 2009", afirmou França.

Aposta precipitada
O economista Reinaldo Gonçalves, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), discorda. "Os biocombustíveis foram uma aposta precipitada do governo Lula. A Petrobras, que é a protagonista desta história, está com o caixa comprometido com a crise internacional e terá menos recursos para investir nos biocombustíveis e também no pré-sal".

Para Gonçalves, os biocombustíveis são "uma aposta na grande propriedade, nas mercadorias, que têm preços muito vulneráveis, e nas oligarquias retrógradas do Brasil".

"Ainda bem que vai haver um retrocesso em setores retrógrados, como o agronegócio. Nesta óptica, o Brasil não perde. Ao contrário, ganha ao vir abaixo a aposta nos biocombustíveis", concluiu.

(Lusa, 09/12/2008)


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