O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse nesta terça-feira (9), durante reunião da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), que não aceitará a proposta do governo do Paraguai de transferência aos Tesouros Nacionais dos dois países da dívida de US$ 19,6 bilhões da empresa Itaipu Binacional. A proposta foi anunciada na edição desta terça do jornal O Globo.
Segundo o jornal, o Tesouro do Paraguai assumiria US$ 600 milhões da dívida, enquanto o Brasil teria de arcar com os US$ 19 bilhões restantes. Segundo a proposta, cada país seria responsável por uma parcela da dívida equivalente à porcentagem da energia contratada junto a Itaipu entre 1985 e 2008 - ou seja, 97% para o Brasil e 3% para o Paraguai.
- A proposta não pode ser aceita. Não consideramos que a dívida seja espúria e nem que a soberania energética do Paraguai só existirá quando este país puder vender a sua parte da energia de Itaipu a terceiros - disse Amorim, ao responder a uma pergunta feita pelo senador Arthur Virgílio (PSDB-AM).
A possibilidade de venda pelo Paraguai de sua parte da energia a terceiros, mencionada pelo ministro, é considerada por Amorim como uma "proposta irrealista". De qualquer forma, afirmou o ministro durante a reunião na CRE, o Brasil tem interesse em contribuir para o desenvolvimento do Paraguai. Entre outras medidas possíveis com essa finalidade, adiantou, estaria o financiamento da construção de uma linha de transmissão de Itaipu à capital do país, Assunção.
- A insatisfação do Paraguai tem muito de emocional - afirmou Amorim.
(Por Marcos Magalhães /
Agência Senado, 09/12/2008)