Em Capela de Santana e Portão perdas variam entre 15 e 30 % nos hortigranjeiros e na cultura de grãos.

São Leopoldo - O verão começa somente no próximo dia 21, mas os produtores rurais da região já estão sentindo os efeitos do calor e da falta de chuvas que tradicionalmente caracterizaram o mês de novembro e esse começo de dezembro.

Em Capela de Santana e Portão, os dois municípios com maior extensão de zona rural – da área de cobertura do Jornal VS –, as perdas com a seca variam entre 15 e 30% nos hortigranjeiros e também na cultura de grãos. Em Sapucaia do Sul a situação ainda não é tão complicada, mas agricultores já antecipam um verão de muitas dificuldades caso se confirme o baixo índice de chuvas esperado para a estação mais quente do ano.

Em Capela de Santana, que tem em torno de 700 produtores atuantes no município, distribuídos em 62 quilômetros quadrados de área agrícola, a secretária municipal de Agricultura, Solange Leite, informa que a prefeitura está fazendo a abertura de bebedouros nas propriedades para que os agricultores tenham como irrigar suas plantações. “Temos seis novos bebedouros já programados para serem abertos a partir de amanhã (hoje). Estamos perdendo muito, uma média de 30% em culturas de aipim, melancia, milho e pepino, por exemplo. Se o verão for ainda mais quente e seco, a situação será ainda pior. Por isso, é hora do governo estadual começar a dar atenção para esse assunto e dar incentivo à construção de cisternas para armazenamento de água o quanto antes."

Em Portão, que tem 1,1 mil propriedades rurais e área agrícola de 145 quilômetros quadrados, a chuva que atingiu o Estado na semana passada amenizou os problemas. “A situação se normalizou e se no verão chover uma vez por semana os problemas serão contornados. A cultura do feijão já apresentava perdas de 15%, mas se recuperou e a floricultura se manteve com irrigação, bem como os hortigranjeiros", explica o engenheiro agrônomo e extensionista da Emater de Portão, Mário Jesus Padilha.

Em Sapucaia do Sul, o presidente da associação rural do município, Odi Silva, teme a estiagem nos próximos meses e afirma que se não chover de maneira regular nos próximos 15 dias, os agricultores começarão a ter perdas consideráveis. “Temos 300 propriedades rurais em 12 quilômetros quadrados e por enquanto não tivemos queixas, mas a situação tende a se agravar. A cultura que mais sofre é a alface, seguida de hortigranjeiros como repolho, couve, beterraba e cenoura", afirma Silva.

Produtores da região temem que perdas possam chegar a 40%
A situação de ter perdas por causa do calor e pouca chuva já faz parte da vida dos produtores rurais. A afirmação é do agricultor da comunidade de Fazenda dos Prazeres, em Sapucaia do Sul, Adelmo Winkel, 45 anos. “Já estamos acostumados com isso, tanto que nos organizamos para não ter muita coisa em fase de desenvolvimento nos meses de janeiro e fevereiro. O problema é que estamos começando dezembro e já com esse calor e, mantido esse panorama, a tendência é de ter até 40% de perdas nos hortigranjeiros como alface."

O clima seco não poupa nem quem está começando na produção. “Estou há poucos meses plantando hortigranjeiros e já perdi com esse calor cerca de 4,2 mil mudas de alface, beterraba e couve, contabilizando cerca de R$ 4 mil em prejuízos. Para o verão vamos investir em sombrite (telas de proteção das plantas) e irrigação para evitar danos maiores", destaca o produtor da mesma comunidade de Sapucaia Erlon Schaeffer, 36.

Temperatura sobe, mas frente fria pode provocar granizo
Hoje o sol aparece entre nuvens e o calor segue intenso, mas a sensação de abafamento será maior devido ao aumento da umidade. A MetSul Meteorologia e o Metroclima reiteram ontem o alerta quanto ao risco de chuva forte e/ou temporal típico de verão entre o final da tarde e o início da noite.

Conforme o site Climatempo, as plantações do Rio Grande do Sul, de Mato Grosso do Sul e do centro-oeste e norte de São Paulo estão sentido os efeitos negativos da pouca chuva das últimas semanas. Para piorar, o calor aumentou. A elevada temperatura acelera a perda da umidade no solo. A passagem desta frente fria pelo Sul poderá provocar temporais com ventania e até queda de granizo. A chuva será boa para alguns, mas no vale do Itajaí, em Santa Catarina, também pode ter chuvas fortes.

(Jornal VS, 09/12/2008)