A Vale anunciou nesta segunda-feira (08) que suspendeu a operação de mais duas plantas no porto de Tubarão, no Estado do Espírito Santo, com capacidade total de 7,3 milhões de toneladas métricas anuais de pelotas.
"A decisão de reduzir a produção de pelotas deve-se à contração sem precedentes da demanda global por minério de ferro e pelotas", afirmou a companhia em nota.
Não há previsão de mais demissões na empresa por conta da nova suspensão de produção, segundo a assessoria. Os funcionários lotados nas pelotizadoras serão utilizados na manutenção de serviços e alguns deslocados para treinamento visando a realocação.
A empresa não soube informar imediatamente quantos funcionários estariam envolvidos. Em todo o Estado do Espírito Santo a Vale emprega diretamente 5.884 pessoas.
A nova parada acompanha a interrupção de duas plantas da companhia no porto de Tubarão, desde 5 de novembro, e duas da Samarco, onde possui participação, "compreendendo no total produção equivalente a 29,3 milhões de toneladas anuais de pelotas", informou a Vale.
"A Vale continuará a administrar sua produção de acordo com as condições de mercado prevalecentes no curto prazo", alertou a empresa.
A empresa demitiu 1.300 empregados na semana passada, e a expectativa de especialistas de mercado é de que mais cortes sejam feitos ao longo dos próximos meses, já que a crise não vem dando sinais de arrefecimento.
De acordo com um analista do Banif Securities, a procura por pelotas é a primeira a se retrair quando não há necessidade de alta produtividade, porque é mais rica em teor de ferro e portanto mais cara.
"Agora (as siderúrgicas) precisam de cargas mais baratas e volumes menores", completou o analista, que pelas regras do banco não pode ser identificado.
Ele estimou que mais cortes devem ser realizados pela Vale para se adequar a demanda.
"Acho que pode fechar mais coisas, acho que vem mais cortes por aí... devem soltar mais coisas mais para frente", disse o analista, que já prevê rever a queda do preço do minério de ferro estimada pelo banco para 2009 e 2010.
"A expectativa era de menos 20 por cento em 2009 e menos 10 por cento em 2010, mas estou achando que já está ficando pouco", disse.
A retração das vendas trazida pela crise global de crédito já havia levado a Vale a cortar 10 por cento da produção de minério de ferro, seu principal produto, ou 30 milhões de toneladas.
Também em função da crise, a mineradora deu férias coletivas a 5,5 mil, além de colocar 1.200 empregados em treinamento para realocação.
No Canadá, a empresa também já reduziu suas operações, fechando uma mina de níquel por tempo indeterminado, depois de também já ter anunciado recuo na produção de níquel na Indonésia (corte de 20 por cento na produção).
As ações da companhia operavam em alta de 5,4 por cento, por volta das 12h25, acompanhando a alta do Ibovespa, que no mesmo horário subia 5,16 por cento.
(Por Denise Luna, Reuters,
G1, 08/12/2008)