Na semana que o mundo assistiu o primeiro presidente negro dos Estados Unidos ser eleito, a Califórnia aprovou um importante referendo que impede o confinamento desumano de animais em fazendas de criação para abate. Por uma convincente margem de 63,3% contra 36,7%, os californianos garantiram uma melhor qualidade de vida para 20 milhões de bichos destinados ao consumo humano.
“Esta conquista na Califórnia foi significativa, pois beneficia os animais de produção na principal economia do país. Para se ter uma idéia, o maior produtor de porcos do mundo, o grupo Smithfield, está localizado nesta região.”, comenta Marco Ciampi, presidente da ARCA Brasil. Os estados do Colorado, Arizona, Flórida e Oregon, também estão eliminando aos poucos o uso de celas de gestação para porcos e vitelas.
A “Prop 2”, como a resolução foi chamada, prevê o fim ao confinamento de suínos, vitelas e galinhas poedeiras em celas e gaiolas. As fazendas serão obrigadas a oferecer espaço suficiente para que eles consigam ficar em pé, virar e alongar os membros. Os produtores terão até 2015 para se adaptarem as novas regras.
As gaiolas em bateria são pequenos espaços que abrigam de cinco a dez galinhas durante a maior parte de suas vidas. As celas de gestação são baias de metal individuais com apenas 0.6 metros de largura por 2.1 metros de comprimento, tão pequenas que os bichos não podem se virar.
A campanha pela aprovação do referendo foi liderada pela Humane Society of the United States, maior organização de proteção animal do mundo. Ela obteve ajuda de outros grupos, além de 25 mil colaboradores que fizeram doações e milhares de voluntários que trabalharam para recolher assinaturas e divulgar a campanha pelos Estados Unidos.
Na União Européia essa questão está adiantada e os produtores terão que desativar as obsoletas gaiolas em bateria (galinhas poedeiras) até 2012 e as celas de gestação (porcos) até 2013, as celas para vitelas já foram proibidas.
Essa importante vitória no principal estado americano marca o movimento mundial para garantir que todos os animais tenham um tratamento humanitário, inclusive aqueles criados para o nosso consumo.
E no Brasil? - A ARCA Brasil é parceira da Humane Society Internacional na Campanha pelo Fim do Confinamento Animal Intensivo. “A HSI e a ARCA Brasil estão contatando os produtores de ovos e de suínos, além de representantes do setor varejista, pedindo-lhes que adotem e implementem padrões mais elevados de bem-estar para os animais.” explica a bióloga técnica, Cristina Yunes, que gerencia a campanha.
No país são 80 milhões de galinhas poedeiras, sendo sua grande maioria alojada em sistemas de gaiolas de bateria. Em relação aos suínos, são aproximadamente 2.5 milhões de matrizes, 64% em sistemas industriais, ou seja, confinadas em celas.
Em Brasília tramita o projeto de lei (215.2007) de autoria do deputado federal Ricardo Trípoli, que cria o Código Federal do Bem-Estar Animal, prevê o aprimoramento das relações com os animais em diversas áreas, mas infelizmente está parado na Câmara dos Deputados.
Informações adicionais - ARCA Brasil - Associação Humanitária de Proteção e Bem-Estar Animal é uma entidade não-governamental sem fins lucrativos criada em 1993, com o objetivo de promover o bem-estar e o respeito aos direitos dos animais. Referência para entidades governamentais e não-governamentais, sua atuação é reconhecida no Brasil e no exterior. Seu projeto é interligar profissionais de saúde pública, veterinária, ONGs e sociedade em geral para o aprimoramento das relações homem-animal.
(Assessoria de Comunicação ARCA Brasil, AmbienteBrasil, 09/12/2008)