Teve início ontem (08/12) a semana decisiva para a reunião internacional que tenta controlar as mudanças climáticas. É a 14o Conferências das Partes (COP) da Convenção da ONU para as mudanças climáticas. Líderes do governo, ONGs e cientistas de vários países estão reunidos na cidade de Poznan, na Polônia até o dia 12 de dezembro para discutir propostas para a redução das emissões de gases do efeito estufa e apresentar o esqueleto do acordo que substituirá o Protocolo de Quioto.
Apesar da responsabilidade - ou talvez por causa dela - o acordo caminha lentamente. “As negociações aqui estão bem devagar”, diz o coordenador da campanha de Clima do Greenpeace, Guarany Osório. Em entrevista à Época, o ativista, que acompanha o grupo técnico AWG -LCA (responsável pelas discussões sobre redução das emissões de gases do efeito estufa) durante a COP-14 em Poznan, disse que até agora, poucos países se mostraram dispostos a mudanças em prol do clima e que há muita resistência entre as nações mais ricas.
Segundo Osório, a COP-14 “é muito processual e não se discute conteúdo”. O objetivo deste ano é a consolidação do texto final que vai pautar a conferência do ano que vem em Copenhagen, onde deve sair o substituto para o acordo de Quioto, que expira em 2012. Por esse motivo, os negociadores têm bastante abertura para fazer propostas, mas a sensação de quem está acompanhando de perto, como Osório, é de um jogo de empurra-empurra.
O impasse acontece porque alguns países simplesmente não querem se comprometer. É o caso dos membros da União Européia, que costumam atuar em conjunto em outras negociações internacionais, mas não na COP. “A União Européia, que deveria agir como um bloco, está dividida, super devagar”, diz Osório.. Outro problema apontado pelo ativista é que alguns países como Canadá e Rússia estão colocando interesses próprios acima das questões globais. “ A Rússia e o Canadá, por exemplo, alegam que precisam ter metas de redução de emissões menores, por serem países frios e com longas extensões”, conta. Supostamente, o clima e o tamanho desses países elevam o nível de emissões, já que a demanda energética é maior.
As propostas mais efetivas partem de países menores e pouco conhecidos como Tuvalu, um conjunto de ilhas que já está submergindo graças ao aumento do nível do mar. “ Eles apresentaram uma proposta radical: reduzir as emissões em 2% por ano”, conta Osório. O IPCC (Painel Intergovernametal de Mudanças Climáticas) sugere uma redução de 1,5%.
A grande expectativa é e que a partir de hoje, a COP-14, que termina no próximo dia 12, entre em uma fase decisiva. Segundo Osório, hoje foram abertas as submissões - oportunidade para os países apresentarem novas propostas. Na quarta-feira, os ministros do meio ambiente dos países participantes chegam à Polônia. Até agora, atribui-se à ausência dessas autoridades a falta de avanços nas negociações.
A foto é do site do Greenpeace e mostra a escultura Tipping Point em exibição na COP até o dia 12 de dezembro. Ela representa a que ponto podem chegar as alterações causadas pelas mudanças climáticas no planeta.
(Por Natalia Guaratto, Blog do Planeta, 08/12/2008)