O presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama, prometeu que os alimentos transgênicos passariam a ser rotulados no país. Pesquisas indicam que 9 a cada 10 americanos querem a rotulagem, e um levantamento feito pela CBS/New York Times indicou que 53% dos americanos evitariam marcas cujos produtos estivessem rotulados como transgênicos. Apesar disso, os três últimos presidentes dos EUA ignoraram o desejo da população e apoiaram os interesses econômicos de 5 empresas de biotecnologia agrícola que produzem transgênicos.
O ex-diretor do FDA (órgão do governo americano que regulamenta alimentos e medicamentos) Henry Miller admitiu: “Nesta área, as agências do governo americano fizeram exatamente o que as grandes empresas do agronegócio pediram”.
A ONG Institute for Responsible Technology está agora organizando uma campanha de envio de mensagens ao presidente Obama, cobrando o cumprimento da promessa e exigindo que a nova norma não contenha as brechas que, ao redor do mundo, têm evitado que a maior parte dos alimentos derivados de transgênicos ou de animais alimentados com transgênicos seja de fato rotulada.
A campanha cobra ainda que a rotulagem seja clara, objetiva e facilmente identificável pelos consumidores -- o que também não acontece na maior parte dos países. A petição, em inglês, também pode ser assinada por pessoas de fora dos EUA e está disponível aqui.
No Brasil
A rotulagem dos alimentos transgênicos no Brasil é um exemplo de como a informação aos consumidores pode ser falha e insuficiente. Após cinco anos da aprovação do decreto obrigando a rotulagem, em 2008 algumas marcas de óleo de soja começaram a ser rotuladas como transgênicas. O minúsculo T envolto por um triângulo amarelo, sem qualquer legenda ou explicação, passa absolutamente despercebido pela esmagadora maioria dos consumidores.
Pior, o bonito símbolo de um coração com os dizeres “Livre de Trans” (que na verdade se refere à “gordura trans”) acaba muitas vezes confundindo os mais desavisados que compram óleo transgênico (muito mal) rotulado como tal, acreditando estarem levando para casa óleo não-transgênico.
Como se não bastasse, a bancada ruralista insiste na tramitação de um projeto de lei, atualmente sob autoria do Dep. Luis Carlos Heinze (PP/RS), visando praticamente limitar a rotulagem de transgênicos no Brasil.
(Por Redação da ASPTA*, Eco Agência, 08/12/2008)
*Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa
Fonte: ASPTA/EcoAgência