O impacto da mudança climática pode gerar 6 milhões de refugiados por ano, metade dos quais devido a catástrofes como inundações e tempestades, disse na segunda-feira o alto-comisário-adjunto da ONU para refugiados, Craig Johnstone.
O Acnur (agência da ONU para refugiados) baseia-se em estimativas conservadoras, segundo as quais o aquecimento global deve expulsar de 200 a 250 milhões de pessoas das suas casas até meados do século, disse o funcionário.
"Isso significa o deslocamento de algo como 6 milhões de pessoas por ano, um número estarrecedor", disse ele à Reuters em Poznan, onde acontece até dia 12 uma conferência climática da ONU. "Nosso pressuposto operacional é cobrir o mínimo (...), mas não estamos nem perto de conseguir cobrir isso agora", disse ele.
De acordo com ele, agências humanitárias precisarão atender quase 3 milhões de pessoas por ano refugiadas de desastres repentinos. Outras 3 milhões por ano devem migrar devido a mudanças graduais, como o aumento do nível dos mares, e essas podem se planejar mais.
Estatísticas do Acnur mostram que 67 milhões de pessoas estavam afastadas de suas casas por motivos de força maior no final de 2007, sendo 25 milhões devido a desastres naturais.
Johnstone disse que as medidas de mitigação da mudança climática não bastarão para impedir desastres ou conflitos por recursos, que devem atingir os mais pobres. Apesar disso, é possível preparar um planejamento contra desastres, porque os especialistas já sabem quais áreas do mundo serão mais afetadas.
Johnstone disse que as agências humanitárias precisariam ampliar em 10 a 20 vezes os estoques de ajuda emergencial que mantêm.
A mudança climática, segundo ele, "coloca um substancial ônus adicional sobre a humanidade". "A presença (do Acnur) no mundo corresponde quase perfeitamente aos pontos mais preocupantes (...). Então poderemos ser chamados a ajudar, e precisamos estar preparados para isso."
Ele acrescentou que o novo tratado climático global, a ser definido no final de 2009 para entrar em vigor em 2013, deveria incluir verbas para a preparação contra desastres, porque isso economizaria dinheiro em longo prazo.
(Por Megan Rowling, Reuters, Estadão, 08/12/2008)