Para eliminar as bactérias indesejáveis, industriais privilegiam atualmente as operações de limpeza e desinfecção. Dito isso, o resultado desses procedimentos longos, pesados e custosos de ser desenvolvidos, às vezes deixa a desejar. Além disso, as novas regulamentações em vigor da REACH (regulamentação sobre substâncias químicas perigosas na Europa) e BIOCIDES (sobre substâncias químicas que são capazes de matar agentes biológicos) não param de reduzir o número de produtos autorizados.
Daí, a necessidade do desenvolvimento de soluções alternativas "limpas" baseadas na prevenção da contaminação. Entre essas, superfícies plásticas com propriedades antibacterianas - efeito antiadesivo ligado ou não a um efeito bactericida/bacteriostático - representam uma solução original e inovadora. Para tanto, não se trata de suprimir a operação de limpeza, mas de facilitá-la, reduzindo o grau de biocontaminação das superfícies.
Pesquisadores da Unidade Mista de Pesquisa "Engenharia de Procedimentos Alimentares", do INRA, em Massy (França), conseguiram modificar a superfície de plásticos para torná-los "atrativos", ou, ao contrário, "repulsivos", frente às bactérias.
Modificar a superfície de materiais plásticos inertes impõe uma primeira etapa chamada de ativação radicalar, com o auxílio de uma radiação ionizante, para gerar sítios ativos e uma etapa de impregnação, para contato do sítio ativo com o monômero a enxertar.
A ligação assim formada entre o monômero e o sítio ativo é do tipo covalente, trata-se, portanto, de uma ligação extremamente forte, que deverá conferir uma característica de irreversibilidade à enxertia, e isto quaisquer que sejam as condições de pH, de temperatura e de tempo. Segundo a reatividade das espécies radicalares, a natureza das moléculas a enxertar, seu grau de polimerização e sua acessibilidade, o efeito final poderá ser diferente. Toda a arte consiste, portanto, em encontrar a arquitetura molecular "ideal", adaptada ao caso desejado.
Essa estratégia foi desenvolvida e patenteada, com sucesso, pelo INRA, para conferir propriedades de hidrofilicidade "controlada", ou seja, com um gradiente de propriedades ácido-básicas e elétricas, na superfície de materiais plásticos.
Plásticos podem ser tornados antibacterianos
O conceito inovador, que atualmente é objeto de um programa de pesquisas complementares, visando a demonstrar a viabilidade industrial do procedimento e sua eficácia antimicrobiana poderá, se confirmados os resultados, encontrar outras aplicações nas áreas médica, farmacêutica e de cosméticos.
(Unicamp/Canal Científico, 08/12/2008)