Em junho passado, experts da Comissão Européia e os representantes dos 40 parceiros europeus - industriais e acadêmicos - do projeto StorHy (sistema de armazenamento de hidrogênio para aplicações automobilísticas) fizeram o balanço dos 54 meses de desenvolvimento focalizados nas tecnologias de armazenamento de hidrogênio. É bom lembrar que esse projeto, com duração de quatro anos e meio, lançado em 2004, reagrupa 5 construtores automobilísticos, 14 empresas de equipamentos e 15 institutos de pesquisa europeus.
Com financiamento de 10,7 milhões de euros (1 euro ~ 2,92 reais) do 6º Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da União Européia, mas sendo beneficiado com um orçamento total de 18,7 milhões de euros, esse projeto visa acelerar o desenvolvimento de três tecnologias de armazenamento embarcado de hidrogênio (sólido, criogênico, hiperbárico).
Entre as tecnologias apresentadas, os reservatórios desenvolvidos pelo CEA, em parceria com a Ullit - empresa francesa para a qual foi licenciada essa tecnologia, objeto de patentes do CEA e Air Liquid - obtiveram os melhores resultados em termos de segurança e durabilidade. Esses reservatórios, que permitem estocar hidrogênio sob forma gasosa, são compostos de uma parte interna, feita em polímero, segundo um procedimento inovador de síntese e de transformação simultâneas, e, externamente, de uma carcaça de compósito. Se a primeira assegura a barreira ao gás, a segunda garante a resistência e a proteção mecânicas. Precisemos que essa carcaça compósita é fabricada por enrolamento filamentar e utiliza materiais oriundos da área aeronáutica, como as fibras de carbono.
Atualmente, essa tecnologia é a única a satisfazer os três principais critérios - tempo de vida útil, barreira ao gás, segurança - impostos pelas normas européias para o armazenamento embarcado à pressão de 700 bars. Assim, os reservatórios do CEA provaram sua resistência a mais de 15.000 ciclos de enchimento, sem perda importante das propriedades. No que se refere à taxa de vazamento desses reservatórios, ela é mínima: vinte vezes inferior ao valor requerido pela norma (1cm3/L/h). Enfim, tais reservatórios demonstraram sua resistência a pressões internas, superiores à pressão de ruptura fixada pela norma, a saber: 1645 bars, ou seja - próximo de 2,5 vezes a pressão de trabalho.
Em uma configuração de três reservatórios de formato idêntico àquele apresentado no âmbito do projeto StorHy, ou seja, 3 vezes 34 litros de volume interno, 4,5 kg de hidrogênio são então embarcados. Ora, com as técnicas atuais, isso permite dispor de uma autonomia de cerca de 500 km, para um carro de passeio equipado com uma pilha a combustível PEM PC, de potência de 70 a 80 kW. Por hora, as equipes do CEA seguem com suas pesquisas que visam a acelerar a maturidade industrial desse tipo de reservatório e facilitar sua integração em um veículo.
(Unicamp/Canal Científico, 08/12/2008)