Apenas o consumidor mais atento repara no símbolo que indica o uso de matéria-prima transgênica nas embalagens dos supermercados. A identificação, uma letra “T” dentro de um triângulo, é lei desde 2003 para produtos com mais de 1% de organismos geneticamente modificados (OGM) na composição. Os dois maiores fabricantes de óleo de soja á base de OGM, a Bunge e a Cargill, levaram três anos para se adequar à determinação.
Enquanto isso, a mesma Bunge comercializa outros produtos, como a proteína de soja texturizada para carne branca e vermelha da marca Soya, sem nenhum vestígio de OGM. Evitar a soja transgênica, mesmo que em níveis menores de 1%, tem sido a escolha da maioria dos fabricantes no Brasil. É o que revela uma pesquisa inédita do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). Entre os 51 produtos com proteína de soja analisados em laboratório, 37 estavam totalmente livres de OGM, três apresentaram níveis mínimos (de 0,2% a 0,7%) e em 11 deles a soja geneticamente modificada foi detectada, mas não quantificada.
Nestes casos, segundo o assessor técnico do Idec, Marcos Pó, o alto grau de processamento industrial destruiu as cadeias de proteínas e impossibilitou identificar a quantidade de OGM. “Se o consumidor ficar em dúvida, tem de confiar na empresa. Ou, então, tem de exercer o seu direito de perguntar”, recomenda. O resultado completo da pesquisa estará disponível no site da entidade a partir de 8 de dezembro.
Além de procurar a presença de OGM nos 51 produtos, o Idec quis saber como os 28 fabricantes controlam e certificam a matéria-prima utilizada. O rastreamento dos fornecedores também está na lei. Quase metade (13) das indústrias disse ter políticas nesse sentido, ainda que apenas duas tenham apresentado a documentação completa a respeito.
Na avaliação do Idec, os resultados são positivos. “Ao contrário do que alguns fabricantes alegam, todos mostraram conseguir controlar e segregar a soja transgênica de forma eficiente. Ainda que muitos não comprovem essa rastreabilidade, o resultado efetivo é bem aceitável”, diz.
(Por Phydia de Athayde, Carta Capital, 05/12/2008)