Os emergentes decidiram fazer mais do que reclamar dos países desenvolvidos. Depois da China, foi a vez de o Brasil anunciar um plano de mudanças climáticas, na segunda-feira 1º. O anúncio do compromisso coincide com a 14ª Conferência das Nações Unidas sobre o tema, realizada na Polônia. O plano brasileiro prevê que até 2010 o desmatamento na Amazônia será reduzido em 40%, em relação a 2005. No quadriênio seguinte, haverá queda de 30% em relação aos quatro anos anteriores. A meta final pretende diminuir em 72% o desmatamento até 2017.
Há 11 anos, os países desenvolvidos assumiram o compromisso de reduzir as emissões de gases de efeito estufa pelo Protocolo de Kyoto. Mas os países emergentes, desobrigados de cumprir as metas, hoje estão entre os maiores emissores. A China passou a ser o maior poluidor em termos absolutos, desbancando os Estados Unidos. Por isso, uma das propostas é a inclusão de novos países na lista, como a Índia, a China e o Brasil, que já ocupa o quinto lugar entre os maiores emissores, graças ao desmatamento.
O Brasil defende cotas diferenciadas para nações desenvolvidas. Luiz Pinguelli Rosa, secretário-executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, acredita que o plano de metas fortalece o Brasil. Desmatamento e queimadas respondem por 75% da liberação de gases.
A percepção de ambientalistas é de que as medidas do plano são tímidas. Paulo Moutinho, coordenador do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, alerta que o maior problema ainda é a excessiva emissão de poluentes pelos países desenvolvidos. “Mas isso não tira a responsabilidade dos países emergentes. E o Brasil poderia fazer muito mais que o anunciado.” Já o Greenpeace lamenta que o governo brasileiro tenha dado ênfase quase exclusiva ao desmatamento ilegal. “O Brasil está na direção certa, mas na velocidade errada”, diz o diretor de políticas públicas do grupo, Sérgio Leitão.
Para o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, o cenário é outro. “O fato é que o governo brasileiro mudou de posição. Antes não tinha plano nem metas. Agora tem.”
(CartaCapital, 05/12/2008)