Uma empresa localizada em Campos, no Norte Fluminense, desenvolveu um método para produzir biodiesel a partir de óleo de fritura usado e de resíduos de caixas de gordura do esgoto sanitário.
O projeto é de Luciano Basto Oliveira e Luiz Guilherme Costa Marques, sócios da empresa Eco 100 Desenvolvimento Sustentado Ltda. e pesquisadores do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (Ivig/Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Divulgação/UFRJ
A empresa produz biodiesel a partir de óleo de fritura usado e de resíduos de caixas de gordura do esgoto sanitário
Segundo eles, esse biodiesel possui várias vantagens em relação ao produzido a partir de plantas oleaginosas, como cana-de-açúcar, mamona, girassol e dendê. Além de não ocupar áreas de cultivo voltadas para alimentação, os recursos podem ser encontrados em qualquer lar ou estabelecimento comercial.
Outra vantagem é que a produção acabaria com uma prática comum no comércio popular de produtos fritos, como salgados e pastéis, de utilizar óleo reaproveitado. Quando reutilizado, o óleo libera uma substância tóxica, chamada acroleína, que interfere no funcionamento do sistema digestivo e respiratório, de membranas, mucosas e pele, e pode até provocar câncer.
O projeto, que teve apoio da Faperj (Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro), foi feito em parceria com a Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) e a Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro (Pesagro-Rio).
A Uenf cedeu a planta de biodiesel (equipamentos para conversão dos óleos vegetais usados em biodiesel) e realizou testes de qualidade; a Pesagro-Rio disponibilizou instalações com equipamentos e forneceu eletricidade e água, enquanto a prefeitura de Campos estimulou, por meio da Secretaria de Promoção Social, a separação de óleo vegetal usado, junto a grandes geradores e a residências em geral.
A coleta foi realizada por uma empresa que presta serviços à cidade na gestão de resíduos. O combustível alternativo já foi testado e vem sendo utilizado com eficiência por um ônibus da prefeitura local em uma mistura de 5% no diesel comum.
Os sócios dizem que o trabalho de convencimento dos moradores em juntar o óleo em garrafas pet tem outra utilidade. Jogar esse resíduo nos ralos e pias acaba poluindo a água: cada litro de óleo jogado no ralo polui um milhão de litros de água potável.
Testes laboratoriais já definiram a viabilidade e eficiência do novo combustível. Os pesquisadores esperam que o sucesso de ambos os produtos possa ser copiado em outras cidades do Estado e, quem sabe, em todo o país.
(Da Redação*, Ciência e Saúde, 05/12/2008)
*Com informações da agência de notícias da Faperj