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doenças parasitárias animais contaminados
2008-12-05

Um foco de febre amarela em macacos surpreendeu, em outubro, autoridades de Brasil e Argentina e a Organização Pan-americana de Saúde (OPS). Com dezenas de outros focos que surgem a cada ano, este teve origem na crescente interação entre animais selvagens e pessoas e na alteração de habitat, que geram ou revivem novas e velhas doenças. Ébola, encefalite, gripe aviária, síndrome hemorrágica pulmonar, hepatite viral, leptospirose e Aids são algumas doenças que, segundo cientistas, nasceram da relação entre animais e pessoas e que fazem milhares de vítimas fatais e causam grandes perdas econômicas em todo o mundo.

“Os fatores climáticos e a atividade humana cada vez mais destruidora e próxima dos animais selvagens detona enfermidades que no passado não podíamos nem imaginar ou que já considerávamos afastadas”, disse à IPS a pesquisadora Silvia Alonso do Royal Veterinary College, da Universidade de Londres. Especialista em zoonoses (doenças transmitidas ao homem por animais), Alonso participa do fórum Internacional Ecosaúde 2008 que acontece em Mérida, na Península de Yucatán, no México, junto com dezenas de cientistas, especialistas, ativistas e funcionários de governos. O encontro de cinco dias iniciado segunda-feira é organizado pelo governamental Centro Internacional de Pesquisas para o Desenvolvimento (IDRC) do Canadá.

Em uma exposição a especialistas, James Mills, chefe da unidade especial de medicina ecológica do Centro para a Prevenção e o Controle de Doenças, dos Estados Unidos, afirmou que há cerca de 175 enfermidades “emergentes” ou novas que têm origem em animais. Mills relatou uma pesquisa pela qual foi responsável e na qual se descobriu que as alterações dos padrões “normais” de temperaturas dispararam na presença de roedores em várias regiões norte-americanas, e com isso novas doenças humanas originadas em hantavírus (alguns causadores de febre hemorrágica com síndrome renal) e arenavírus.

Em sua opinião, não há dúvida de que a mudança climática, atribuída em grande parte ao consumo intensivo de combustíveis fósseis, é responsável pelo surgimento de novas doenças. Silvia Alonso não está tão segura deste argumento. “Há uma influência de fatores climáticos, sem duvida, mas há outros, e numerosos, que não devemos descartar”, afirmou. “Também se deve considerar que agora temos novos instrumentos científicos para detectar doenças de origem animal que podem estar presentes há muito tempo, mas que somente agora as descobrimos”, acrescentou.

O veterinário Innocent Rwego, pesquisador da Universidade de Makerere, em Kampala (Uganda), afirmou que nas selvas de seu país a população de gorilas selvagens está sofrendo sérios problemas de saúde pela presença humana. No Parque Nacional da Selva Impenetrável de Bwindi, fronteiriço com a República Democrática do Congo. Até oito turistas por dia interagem com os gorilas. Para cada hora que ficam com os animais pagam aos operadores turísticos cerca de US$ 500, afirmou. “Imaginemos tudo o que poderiam nos transmitir oito pessoas diferentes entrando por dia em nossa casa”, disse Rwego.

O pesquisador detectou nos últimos meses gorilas doentes com uma espécie de paralisia facial e outros sofrendo um tipo de poliomielite, que atribui ao contato com humanos. Do outro lado, as crianças também pagam as conseqüências de alguns contatos com animais. Os cães que andam soltos em muitas ares das florestas da África e matam animais selvagens, os mordem e comem seus excrementos, em seguida regressam às aldeias onde brincam com meninos e meninas e, assim, lhes transmitem doenças, explicou Rwego.

A OPS mantém vigente no continente americano um sistema de alerta sobre zoonoses como febre amarela, dengue, mal de Chagas e gripe aviária, entre outras. No dia 13 de novembro, a organização informou sobre uma epidemia de febre amarela em macacos do Brasil e da Argentina e sugeriu reforçar as campanhas de vacinação humana, exercer maior vigilância sobre as populações de primatas e dar acompanhamento rígido à propagação do vírus que a causa, transmitido pela picada de mosquitos. Em janeiro, a OPS havia alertado sobre um foco de gripe aviária na República Dominicana.

Os cientistas acreditam que as infecções emergentes são causadas por agentes já conhecidos ou existentes na natureza, mas que só eclodem quando surgem atividades da sociedade humana alterando direta ou indiretamente o equilíbrio ambiental ou que variam suas relações com este. “Isto é o que ocorre desde sempre na história”, a novidade agora é a destruição acelerada do habitat e da proximidade excessiva e indesejada com espécies animais selvagens. Nesse cenário, os problemas se multiplicam, disse Silvia Alonso.

(Por Diego Cevallos, da IPS, Envolverde, 04/12/2008)


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