Alimentados por visitantes com frutas, biscoitos e salgadinhos industrializados, os macacos-prego que vivem no Horto Municipal de Maringá estão atormentando a vizinhança. Encontrando nas mãos humanas uma fartura muito maior do que a mata proporciona, os macaquinhos desenvolveram uma superpopulação nos últimos anos, que esgotou a comida encontrada na natureza. Na busca por alimentos, os pequenos primatas invadem casas, plantações e atacam as pessoas que passam pela região.
A área de 32 hectares de floresta nativa ficou pequena para a população de 112 macaquinhos. Só para se ter uma idéia, há cinco meses eles eram 101, crescimento de 10%. O macaco-prego é considerado pelos biólogos um dos primatas mais inteligentes das Américas e tem dieta onívora. Ou seja, come de tudo. “Como não existe nenhum predador da espécie no Horto, eles se reproduzem com facilidade e extinguiram com quase toda a comida disponível”, diz a bióloga da prefeitura, Ana Cristina Farias.
Para não deixar os bichos passar fome, a prefeitura alimenta os macacos com 36 quilos de banana todos os dias, mas não é o suficiente. O produtor de bananas Cláudio Alberto Milagres, sofre com os ataques dos bichos. “Eles comem todos os brotos e se a fruta consegue se desenvolver os bichos pegam verde mesmo”, diz. “A doméstica da minha vizinha já foi mordida por um macaco que tentou tirar comida da mão dela. Crianças também são atacadas.”
O diretor do Centro de Proteção de Primatas Brasileiros, com sede na Paraíba, Marcos Fialho, explica que além da alimentação artificial proporcionar o aumento da população, “o macaco passa a ver o ser humano não mais como uma ameaça, perde o medo, vê as pessoas como fonte de alimentação”.
Pensando em amenizar os riscos aos moradores, os biólogos desenvolveram um projeto de remoção de parte do bando, cerca de 40, para a Reserva de Proteção Permanente de Mauá da Serra, Norte paranaense, onde existe o predador dos macacos. A idéia está em fase de aprovação pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e pelo Centro que estuda os primatas na Paraíba. Até maio do ano que vem os animais devem ser realocados.
(Gazeta do Povo, 05/12/2008)