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política ambiental do uk impactos mudança climática
2008-12-05

Talvez por ser uma ilha e sofrer com a elevação do nível do mar, ou porque é uma das responsáveis históricas pelo aquecimento global, uma vez que foi o berço da Revolução Industrial, a Inglaterra está adotando o discurso mais rigoroso da União Européia em termos de redução das emissões de gases de efeito estufa. E defende que o mesmo seja seguido por todo o continente.

No discurso dos membros de diversos níveis de governo, há um tom de urgência que no Brasil ainda só é percebido entre ambientalistas e cientistas que acompanham a questão. E não é exagero, apesar de causar surpresa em brasileiros que não estão acostumados a ver esse tipo de comprometimento oficial. Os britânicos simplesmente se convenceram de que “ao menos alguma mudança climática é agora inevitável”, como afirmou Alex Nickson, gerente estratégico de Adaptação às Mudanças Climáticas da prefeitura de Londres a um grupo de jornalistas sul-americanos.

No mês passado, foi aprovada no Parlamento a Lei de Mudanças do Clima, que determina a redução de pelo menos 80% das emissões dos gases de efeito estufa pelo Reino Unido até 2050. Já para 2020, a meta estabelecida é reduzir 26% das emissões dos gases, na comparação com os níveis de 1990.

Na segunda-feira, no entanto, no primeiro dia da conferência do clima em Poznan, o Comitê de Mudanças Climáticas (CCC) do Reino Unido - um órgão independente que aconselha, entre outras coisas, sobre quanto o país deve reduzir de suas emissões - recomendou que em 2020 a contenção já seja de 34%, podendo subir para 42% se um novo acordo global for assinado. Isso seria necessário para que se alcance a meta dos 80% em 2050.

O país sabe que isso deve trazer impactos financeiros importantes para a população em um momento de crise econômica, visto que a principal frente de ataque é a energia suja, obtida a partir de carvão, responsável por dois terços das emissões do Reino Unido. Uma das metas é que 20% da energia elétrica do país venha de fontes renováveis em 2020. Mas estima-se que essa troca possa provocar uma elevação significativa na conta de luz das residências. Cerca de 1,7 milhão de famílias passariam a gastar mais de 10% de sua renda com energia, informou o comitê na segunda-feira.

Isso talvez fosse evitado se houvesse um crescimento econômico junto com um programa bem-sucedido de estabilização da quantidade de gases-estufa na atmosfera. Mas, para tal, seria necessário haver um aumento de produtividade semelhante ao visto na Revolução Industrial, aponta estudo da consultoria McKinsey. Lançado em julho, portanto antes de a crise se instalar, o trabalho apontou que, para a economia mundial continuar crescendo em média 3% ao ano, a produtividade de carbono (unidades de PIB por tonelada de CO2 equivalente emitida) teria de aumentar dez vezes.

Apesar das dificuldades, o Reino Unido insiste que não é hora de afrouxar o combate ao aquecimento, sabendo que ele ainda traz oportunidades econômicas a médio e longo prazos. E pede um acordo global que tenha isso em mente. “Sabemos que teremos tempos difíceis pela frente. Mas, se falharmos nessa meta, aí teremos um problema realmente sério”, diz Joan Ruddock, ministra do recém-criado Departamento de Energia e Mudanças Climáticas.

O Reino Unido espera que ao menos a União Européia concorde com a redução de 80% das emissões em 2050 na reunião que ocorre paralelamente à COP. Mas defende que essa meta seja global, a fim de evitar que a temperatura não suba mais do que 2ºC, patamar já considerado inevitável.

ADAPTAÇÃO LONDRINA
Por isso, ao mesmo tempo em que tenta mitigar o aquecimento global, o Reino Unido já busca se adaptar para os impactos que muito provavelmente vai sofrer nos próximos anos.

O primeiro passo foi estudar suas vulnerabilidades. A capital já sabe, por exemplo, exatamente onde estão seus pontos mais sensíveis ao impacto das mudanças e criou uma estratégia para se adaptar a isso, ainda em discussão. Pelos cálculos da prefeitura, 1,25 milhão de pessoas podem sofrer com enchentes provocadas pelo aumento do nível do mar e dos rios, pelo incremento da precipitação e porque o sistema de esgoto foi planejado para receber menos chuva.

Na área de inundações, a cidade mapeou a presença de mais de 481 mil imóveis, 441 escolas, 75 estações de metrô, 49 de trem, 46 delegacias, 25 terminais de ônibus, 20 quartéis dos bombeiros, 10 hospitais, 1 aeroporto e 1 prisão. Londres já conta com uma barreira móvel no Rio Tâmisa, desenvolvida para conter tradicionais enchentes, e uma defesa no Mar do Norte contra a subida da maré, mas avalia se elas continuarão eficientes até o fim do século. Impossível não pensar que São Paulo não tem nada parecido com isso, apesar de sofrer com chuvas de verão todos os anos. Se bem que a capital paulista nem sequer sabe como será atingida pelo aquecimento (mais informações na página H4).

Os londrinos também temem a freqüência cada vez maior de ondas de calor, como a que atingiu a Europa em 2003 e matou cerca de 20 mil pessoas - 15 mil só em Paris. Em Londres, 600 morreram. Estudos mostram que o pico de temperatura apresentado naquele ano deve se tornar algo relativamente comum a partir de 2050, quando dois entre três verões na Inglaterra devem ser tão quentes quanto o de 2003.

(Por Giovana Girardi, Estadão, 04/12/2008)


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