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proteção da vida marinha
2008-12-05

Durante o verão, as campanhas educativas alertam para a exposição excessiva ao sol e os riscos de afogamento, mas pouco se fala sobre a possibilidade de acidentes provocados por animais aquáticos. No entanto, os casos engrossam as estatísticas nos hospitais, atingindo não só mergulhadores e pescadores como banhistas.

Preencher essa lacuna e fornecer informações a profissionais de saúde, estudantes da área médica e ao público em geral é o principal objetivo do livro Animais aquáticos potencialmente perigosos do Brasil – Guia médico e biológico, que acaba de ganhar uma versão ampliada em relação à edição de 2005.

A obra reúne dados estatísticos, terapêuticos e de atendimento a acidentados por animais marinhos e fluviais, além de medidas de primeiros socorros. De acordo com o autor, Vidal Haddad Jr., professor do Departamento de Dermatologia e Radioterapia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), de Botucatu, a segunda edição expandida é praticamente um novo livro.

“Ela compila o que eu gostaria de ter incluído anteriormente, como imagens e acidentes por animais fluviais, e traz mais dados e verificação de sinais clínicos e de acidentes por animais marinhos. A parte teórica foi ampliada e o livro deixou de ser um atlas para cobrir pontos de teoria fundamentais no Brasil, como infecções após acidentes, intoxicações por alimentação com animais marinhos, entre outros assuntos”, disse Haddad à Agência Fapesp.

O livro traz quase 600 imagens, obtidas pelo próprio autor. De acordo com o pesquisador, o primeiro livro era um texto elaborado a partir de sua tese de 1999, feita na Santa Casa de Ubatuba. “Apesar de ter inserido na primeira edição uma série de dados que não eram da tese, incluindo fatos sobre animais fluviais, ainda faltava muito para chegar ao atual guia médico e biológico”, disse.

De acordo com o pesquisador, grande parte das informações que a obra traz é inédita. Segundo ele, o Brasil tem destaque em todo o mundo por seus estudos na área de animais peçonhentos e os acidentes provocados por serpentes, escorpiões e aranhas a cada ano têm índices de morbidade e mortalidade reduzidos no país, com um eficiente sistema de caracterização do perfil dos acidentes e distribuição de soros antivenenos. Mas o mesmo não ocorre com relação aos animais aquáticos.

“Quando comecei a pesquisar o assunto, por volta de 1996, obtive dados epidemiológicos e, para minha surpresa, esses não faziam parte de nenhuma pesquisa anterior. Naquela época, foi constatado que os ouriços-do-mar são os maiores causadores de acidentes no Brasil, com 50% dos casos. E são episódios de difícil tratamento, que causam períodos longos de inatividade à vítima. Peixes venenosos, como arraias e bagres, provocam 25% dos acidentes e cnidários (águas-vivas e caravelas) mais 25%”, explicou.

O estudo feito na Santa Casa de Ubatuba constatou que o período de pico dos acidentes é na alta temporada. Segundo ele, com dados preliminares foi desenvolvida uma tabela para diagnóstico.

“Posteriormente, ampliei o estudo para outros estados brasileiros e desviei minha atenção para os rios e lagos, onde temos uma fauna muito própria. Fazendo o mesmo trabalho que realizei em Ubatuba, obtive dados inéditos, como o perfil de acidentes por candirus, piranhas e arraias fluviais”, disse.

Centenas de espécies marinhas, segundo Vidal, são capazes de causar lesões em humanos. Mas as mais comuns são os ouriços-do-mar (Echinometra locunter), cnidários (Olindia sambaquiensis e Physalia physalis) e vários peixes venenosos, como os bagres e arraias, peixes-pedra e peixes-escorpião.

“A retirada dos espinhos do ouriço-do-mar, por exemplo, é difícil e toma muito tempo em um pronto-socorro já extremamente sobrecarregado. A saída é prevenir os acidentes e mapear as principais praias onde ocorrem contatos com esses animais”, afirmou.

Serviço

Título: Animais aquáticos potencialmente perigosos do Brasil – Guia médico e biológico
Autor: Vidal Haddad Junior
Páginas: 288
Preço: R$ 135
Lançamento: 2008
Onde comprar: Editora Roca 

(Por Alex Sander Alcântara, Agência Fapesp, 05/12/2008)


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