O mundo pode precisar de um novo acordo da Organização das Nações Unidas (ONU) para compensar as vítimas da mudança climática, ou os países correm o risco de serem envolvidos em processos bilionários ligados a ondas de calor, secas e elevações do mar, disse um estudo nesta quarta-feira (3).
O relatório, preparado pela unidade britânica do grupo ambientalista WWF, afirmou que o mundo já viu acordos de compensação por acidentes nucleares, derramamentos de petróleo e até por objetos lançados ao espaço. Mas não há um plano da ONU para compensar os danos da mudança climática.
"A probabilidade de uma ação legal contra os países que emitem mais gases está aumentando", afirmou o estudo de 37 páginas, escrito por dois advogados da área de clima.
Entre as opções dadas pelo relatório está um fundo de compensação internacional definido por algum tratado futuro da ONU para compensar as vítimas. O estudo foi divulgado junto com o encontro da ONU entre 1o e 12 de dezembro em Poznan, na Polônia, para discutir o combate à mudança climática.
"Você precisa enfrentar isso. A ciência está progredindo suficientemente para tornar legítimos esses processos", disse Peter Roderick, diretor do Programa de Justiça Climática e co-autor do estudo. "Faz mais sentido apresentar um sistema do que ver as pessoas irem à Justiça."
O Painel Climático da ONU afirmou no ano passado que há pelo menos 90 por cento de certeza de que as atividades humanas, principalmente a queima de combustíveis fósseis, são responsáveis pela maior parte do aquecimento dos últimos 50 anos.
Roderick disse que um problema é que a maior parte dos recursos internacionais são destinados a compensar acidentes abruptos - não os danos assustadores provocados pela elevação gradual do mar, projetada pelo Painel Climático. Os recursos prometidos pelos principais programas da ONU para ajudar os países totalizam apenas 300 milhões de dólares, aproximadamente. Muitos estudos projetam que serão necessários dezenas de bilhões de dólares para ajudar na adaptação.
"Corremos o risco de uma crise enorme", disse Vaughan. Ele afirmou que o estudo tinha a intenção de provocar o debate sobre opções.
(Estadão Online, AmbienteBrasil, 04/12/2008)