Três frentes de invasores exploram ilegalmente a pequena “Terra Indígena Kulina do Cacau” no município de Envira/AM, há vários anos: madeireiros tiram madeira de lei para a venda no município, fazendeiros aumentam os seus campos de gado para dentro da área dos Kulina e caçadores matam ou espantam com seus cães os últimos animais de caça deste território. Conforme os indígenas, até em construções da prefeitura e da paróquia católica foram utilizadas madeiras com origem na terra indígena.
Há dois anos, lideranças enviam cartas-denúncias às administrações estaduais e nacionais da Funai como também ao Ministério Público Federal. Mas o único efeito que estes clamores deram foi uma visita da representante regional da Funai ao município de Envira. Tendo reunido diversas autoridades municipais na Câmara, a funcionária alertou para a ilegalidade destes atos. “Mas para impedir invasores de má fé, jamais é o suficiente lembrar o que a lei diz”, questionam os indígenas. Eles esperavam investigações e punição para os infratores da lei.
Um dos madeireiros em questão, além de tirar freqüentemente madeiras nobres da Terra Indígena, ainda deixa o seu gado entrar no território dos índios. Como ato de vingança, há pouco tempo, alguns dos Kulina da aldeia mais próxima mataram e comeram um destes bois. Agora, o cacique está ameaçado de morte pelo madeireiro: “Ou vocês me pagam o boi, ou eu mato o seu tuxaua!”, ele avisou numa conversa na cidade de Envira.
(Cimi, 03/12/2008)