O ministro das Relações Exteriores da China se mostrou incomumente otimista, nesta terça-feira (2), com a perspectiva de um acordo para um novo pacto contra o aquecimento global dentro de um prazo ambicioso até 2009. Yang Jiechi disse que com uma cooperação genuína o mundo pode encontrar um substituto para o Protocolo de Kyoto a tempo e acrescentou que seu país não negará sua parcela desse fardo.
Menos de dois meses atrás, o embaixador de mudanças climáticas de Pequim havia alertado que as negociações estavam complicadas e que a perspectiva de um acordo era ruim, já que os países ricos empacaram em promessas de transferência de tecnologia verde.
"Se trabalharmos juntos, seremos capazes de atingir a meta estabelecida pelo plano de Bali", disse Yang durante o encontro '2008 Clinton Global Initiative', em Hong Kong. A China prometeu reduzir seu consumo de energia em cerca de 20 por cento entre 2005 e 2010, disse Yang.
"Não vamos fugir das nossas responsabilidades. Embora antecipemos um crescimento contínuo no consumo de energia na China, vamos tentar controlar o ritmo tanto quanto possível."
Cerca de 10.600 representantes de 186 governos, setores e grupos ambientalistas se reúnem na cidade polonesa de Poznan entre os dias 1o e 12 de dezembro num evento da ONU que faz parte de um esforço de dois anos para aprovar um novo tratado ambiental em Copenhague, em 2009.
"Todos nós deveríamos participar, de forma muito séria, de uma série de encontros até a reunião de Copenhague," disse Yang. A eleição de Barack Obama como próximo presidente dos EUA forneceu um novo impulso à causa, já que se sabe que ele apóia os cortes de emissões de gases causadores do efeito estufa.
Mas as discussões estão ofuscadas pela pior crise financeira desde os anos 1930, o que vai tornar "um desafio incrível" a obtenção de um acordo climático complexo e caro, alertou o principal representante do clima da ONU.
A pressão é grande por uma ação de Pequim, já que a China ultrapassa os EUA como principal emissor de dióxido de carbono. Mas as autoridades chinesas alertaram que tirar centenas de milhões da pobreza relativa continuará sendo sua prioridade número um.
(Estadão Online, AmbienteBrasil, 03/12/2008)