Companhia diminui atividades de viveiro em Capão do Leão
No final da tarde de ontem, em seu pequeno apartamento na Cohab Lindóia, zona norte de Pelotas, o casal Ana Júlia Ferreira, 18 anos, e José Carlos Ferreira Júnior, 22 anos, não conseguia disfarçar o clima de luto.
Ao chegar para trabalhar no início da manhã no viveiro de mudas da Votorantim Celulose e Papel (VCP), em Capão do Leão, Júnior descobriu que estava na lista dos 118 trabalhadores demitidos na unidade. Casados há nove dias, os dois se esforçam para descobrir como manter as contas mensais apenas com o salário de Ana em seus dois empregos.
– Só casamos e financiamos a casa por acreditar que ele trabalhava em uma empresa estável e ficaria empregado por bastante tempo – diz Ana.
Por ser surdo-mudo, Júnior enfrenta dificuldade extra para obter emprego.
A incerteza lançada sobre o lar dos Ferreira pelas demissões da VCP abalou também a tranqüilidade de prefeitos e lideranças da região na terça-feira. O prefeito de Capão do Leão, Vilmar Schmitt (PDT), e o presidente do Sindicato Rural de Arroio Grande, Paulo Freitas, se esforçavam para manter a calma e acreditar que as demissões são só um temporário reflexo da crise. Mas o prefeito de Chuí e presidente da Associação dos Municípios da Zona Sul (Azonasul), Hamilton Lima (DEM), não escondia a indignação:
– É o tipo de notícia que ninguém recebe bem, pois o que mais precisamos na nossa região são empregos.
Conforme a assessoria de imprensa da VCP, 89 trabalhadores vão manter as atividades no viveiro. A decisão decorre da postergação do projeto Losango, que previa investir R$ 1,5 bilhão numa unidade industrial no Estado, uma vez que metade da base florestal necessária no Rio Grande do Sul já estaria plantada. A empresa mantém o compromisso de concluir o projeto no Estado, mas informa que não há prazo previsto para a retomada.
(Por Alvaro Guimaraes, ZH, 03/12/2008)