Promessas de cortes de emissões de CO2 por parte de países europeus marcaram na segunda-feira o primeiro dia da 14ª Conferência das Partes da Convenção de Mudanças Climáticas da ONU, em Poznan, na Polônia. Os europeus prometem cortes consideráveis, mas só o Reino Unido já aprovou uma lei nesse sentido. A lei britânica, aprovada semana passada, prevê uma redução de 80% das emissões até 2050.
O Comitê de Mudanças Climáticas do Reino Unido recomendou uma redução de pelo menos 34% das emissões até 2020, em comparação aos níveis de 1990. Outros países europeus poderão anunciar reduções de emissões de gases do aquecimento global. Porém, analistas temem que a crise econômica global leve governos a dilatar os prazos de metas.
Obama só anunciará medidas em janeiro
Ainda assim, o início da cúpula climática foi marcado pelo pessimismo. Em meio à uma crise econômica global e com os Estados Unidos ainda fora do programa de metas, dificilmente a conferência de Poznan, que reúne 10.600 delegados de 186 países, chegará a avanços concretos. Ela deve, porém, identificar os principais pontos a serem discutidos na conferência climática de 2009, em Copenhague, na Dinamarca. Se espera que na cúpula da Dinamarca seja lançado um acordo para substituir o Protocolo de Kioto, que expira em 2012.
- Não espero grandes avanços em Poznan. Não será possível avançar sem os Estados Unidos, já cometemos esse erro em Kioto - admitiu Yvo de Boer, secretário da ONU Mudanças Climáticas e um dos organizadores da conferência de Poznan.
Um dos principais motivos para a baixa expectativa é que, embora o presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama, tenha afirmado que reduzirá as emissões de gases-estufa do país, ele disse que só anunciará medidas concretas depois da posse, em 20 de janeiro. Em campanha, Obama havia prometido que em 2020 as emissões americanas voltariam aos níveis de 1990. Representantes de Obama participarão das negociações em Poznan, mas nada deverá ser acordado.
Um dos países mais relutantes em estabelecer metas de diminuição de emissões é justamente a anfitriã Polônia. Com uma economia baseada em carvão, os poloneses teriam que fazer mudanças consideradas inaceitáveis pelo governo.
(O Globo, 02/12/2008)